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Boletos e sites falsos: quais os cuidados com golpes na Black Friday
Especialistas destacam algumas dicas para se atentar na hora de fazer as compras
Com a aproximação da Black Friday, cresce não apenas o volume de compras e promoções, mas também a ação de golpistas que se aproveitam do período para aplicar fraudes online. Boletos falsos, e-mails promocionais fraudulentos, sites que imitam grandes varejistas e golpes envolvendo engenharia social estão entre as principais armadilhas utilizadas para enganar consumidores e empresas. Levantamentos da CNDL e do SPC Brasil mostram que cerca de quatro em cada dez consumidores já receberam tentativas de fraude durante promoções digitais.
Já o Indicador de Tentativas de Fraude da Serasa Experian aponta que o Brasil registrou quase 7 milhões de tentativas de golpe no primeiro semestre de 2025, um aumento de 29,5% em relação ao ano anterior — tendência que costuma se intensificar em datas como a Black Friday.
Especialistas reforçam que, embora o período ofereça oportunidades reais de economia, também amplia o risco de ataques cibernéticos. Marcelo Souza, responsável pelas áreas de Prevenção à Fraude e PLDFT do Grupo Bari, alerta que promoções imperdíveis frequentemente chegam acompanhadas de links maliciosos que capturam dados sensíveis ou direcionam o consumidor a sites falsos. Para reduzir riscos, a orientação é verificar a legitimidade dos sites de compra, evitar clicar em links desconhecidos, manter antivírus atualizado e desconfiar de ofertas muito abaixo do preço de mercado.
A atenção deve começar pela checagem do endereço eletrônico: sites seguros utilizam “https” e exibem o cadeado na barra do navegador. Ferramentas como HTTPS Everywhere e bloqueadores de scripts ajudam a evitar páginas suspeitas. Senhas fortes, cartões virtuais temporários e alertas de transação também reforçam a proteção. Na etapa de pagamento, recomenda-se priorizar métodos confiáveis, como cartões e plataformas consolidadas, conferindo sempre o destinatário em caso de Pix ou boletos.
Para os lojistas, a iugu orienta investimentos em checkout seguro, com domínio próprio e identidade visual clara, estratégia que dificulta golpes e aumenta a confiança do cliente. A recomendação inclui ainda revisar acessos, reforçar autenticação em dois fatores e testar métodos de pagamento antes do pico de vendas. Já o Procon-SP lembra que políticas de cancelamento e devolução precisam estar claras, já que 70% das reclamações em 2024 envolveram problemas contratuais. O Código de Defesa do Consumidor garante o direito de arrependimento em até sete dias para compras feitas fora do estabelecimento físico.
Criminosos também aproveitam o período para aplicar golpes como o do falso advogado, que promete liberação de valores mediante pagamento antecipado de taxas, e o do crédito facilitado, ofertado a pessoas com restrições mediante depósitos via Pix que nunca retornam. Para Antonio de Pádua Parente Filho, do Grupo Braza, esses golpes se intensificam no fim do ano, especialmente entre idosos, e exigem atenção redobrada: é fundamental verificar a autenticidade de contatos, nunca realizar pagamentos antecipados e evitar clicar em links recebidos por aplicativos de mensagem.
Soluções tecnológicas avançadas estão se tornando importantes aliadas. A biometria — baseada em características como rosto, voz, íris e digitais — tem ganhado espaço como método de autenticação capaz de impedir compras fraudulentas mesmo quando criminosos possuem dados vazados. Segundo Antonio Carlos Censi, diretor de tecnologia da Montreal, esse tipo de verificação reduz drasticamente a dependência de senhas, consideradas uma das principais vulnerabilidades do ambiente digital.
Outro recurso é a tokenização, que substitui dados sensíveis por códigos embaralhados, evitando que informações reais de pagamento circulem nas transações. Para André Carneiro, CEO da BBChain, o consumidor atual é híbrido e compra em múltiplos canais; por isso, varejistas precisam adotar padrões de segurança consistentes em todos os ambientes. Em um cenário de alto volume de compras, afirma, tecnologias de tokenização tornam-se essenciais para preservar a confiança e impedir fraudes.
Com as vendas da Black Friday movimentando bilhões no país, a regra é clara: planejamento, cautela e segurança devem caminhar juntos para uma experiência de compra protegida, tanto para consumidores quanto para comerciantes.



