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Sistema de defesa resiste a mutações no vírus da covid-19

As pessoas que ganharam imunidade, seja por vacinação, seja por exposição, contra a cepa original do Sars-CoV-2, o vírus que causa a covid-19, também terão alguma proteção contra a variante ômicron do patógeno. As mutações que levaram ao surgimento da versão não são encontradas nas regiões do micro-organismo que estimulam um tipo de resposta imune celular, diz uma equipe internacional de pesquisa coordenada pela Johns Hopkins Medicine, em colaboração com o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID) dos EUA.
No entanto, os pesquisadores alertam que a descoberta se refere apenas a um tipo de imunidade mediada por células, a defesa do corpo contra invasores, que não envolve anticorpos circulantes, e que pode ser a resposta imune relacionada a anticorpos (conhecida como imunidade humoral).
O estudo foi publicado na mBio, revista da Sociedade norte-americana de Microbiologia.
"Em janeiro de 2021, descobrimos que, em pessoas previamente infectadas com a cepa original da covid, epítopos específicos (porções de uma proteína que provocam uma resposta imune) do vírus são reconhecidos por células do sistema imunológico conhecidas como linfócitos T CD8 ou T assassinas, e que esse reconhecimento permite um ataque mediado por células à covid", diz o autor principal do estudo, Andrew Redd, professor-assistente de medicina na Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins e cientista da equipe do NIAID.
Reed conta que, no trabalho mais recente, ele e a equipe descobriram que esses epítopos permaneceram praticamente intocados pelas mutações encontradas na variante ômicron.
"Portanto, a resposta das células T CD8 à variante deve ser praticamente tão forte quanto à forma inicial do Sars-CoV-2", diz. Outros grupos de pesquisa nos Estados Unidos e na África do Sul demonstraram resultados muito semelhantes para pessoas previamente infectadas ou vacinadas contra a cepa original do coronavírus.