A ESTRELA BRILHOU

Lula vence!

Petista supera Bolsonaro com 50,90% dos votos válidos
Por José Fernando Martins 30/10/2022 - 16:31
Atualização: 30/10/2022 - 21:14
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Assessoria
Lula durante campanha
Lula durante campanha

O petista Luiz Inácio Lula da Silva é o novo presidente do Brasil após derrotar o atual gestor federal Jair Bolsonaro (PL) com 50,90% (59.630.140 votos dos votos válidos). A disputa foi acirrada: Bolsonaro conquistou 49,17 % (57.675.427 votos).

Será a terceira vez que Lula assumirá a cadeira presidencial. Já Bolsonaro será o primeiro presidente do Brasil que não conseguiu garantir a reeleição. Os valores são referentes a apuração da 98,91% das seções totalizadas.

Biografia

Luiz Inácio Lula da Silva (1945) foi o 35.º Presidente do Brasil. Eleito nas urnas governou o país durante dois mandatos, entre 01 de janeiro de 2003 e 01 de janeiro de 2011. Foi também líder sindical e um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT). Concorre como candidato à presidência do país nas eleições de 2022, sendo o favorito para derrotar Jair Bolsonaro.

Infância e juventude de Lula


Luiz Inácio Lula da Silva nasceu em Caetés, na cidade de Garanhuns, Pernambuco, no dia 27 de outubro de 1945. Filho dos lavradores Aristides Inácio da Silva e Eurídice Ferreira de Melo, é o sétimo de oito filhos do casal. Em dezembro de 1952, junto com sua mãe e os irmãos, migrou para São Paulo, em busca de melhores condições de vida. Foram 13 dias viajando em um caminhão "pau de arara" até se instalarem em Vicente de Carvalho, bairro da periferia do Guarujá, no litoral Paulista. Em 1956 se mudaram para o bairro do Ipiranga na capital paulista.

Com 12 anos, Lula conseguiu seu primeiro emprego numa tinturaria. Também foi engraxate e office-boy. Com 14 anos, começou a trabalhar nos Armazéns Gerais Colúmbia, quando teve a Carteira de Trabalho assinada pela primeira vez. Em seguida, trabalhou na Fábrica de Parafusos Marte. Nessa época, iniciou o curso de torneiro mecânico no Serviço Nacional da Indústria - SENAI. Depois de três anos, já formado, ingressou na Metalúrgica Independência, onde permaneceu por 11 meses trabalhando no turno da noite. Em 1964, com 18 anos, teve o dedo mínimo da mão esquerda cortado por uma prensa.

Sindicato dos Metalúrgicos


Ainda em 1964, Lula perdeu o emprego depois de reivindicar aumento salarial. Em 1965, foi admitido na Fris, no Ipiranga. Em 1966 foi admitido nas Indústrias Villares, localizada em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, onde se concentravam várias indústrias. Nessa época, passou a se envolver nos movimentos sindicais, levado por seu irmão José Ferreira da Silva, conhecido por Frei Chico.

Em 1975 foi eleito presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, se tornando uma importante liderança operária. Em 1978 foi reeleito e no dia 13 de março de 1979, depois de 10 anos sem greves, comandou uma greve que paralisou 180 mil operários do ABC paulista.

Partido dos Trabalhadores


Ainda em 1975, começaram a surgir novos partidos políticos no país. No dia 10 de fevereiro de 1980, Lula comandou a fundação do Partido dos Trabalhadores – PT, formado pela classe operária, sindicalistas, intelectuais, artistas e católicos ligados à Teologia da Libertação, com uma proposta socialista. Em abril de 1980, outra grande greve no ABC paralisou 330 mil operários durante 41 dias. Depois de uma intervenção federal, Lula, junto com outros sindicalistas, foi preso pela ditadura militar, com base na Lei de Segurança Nacional, passando 31 dias recolhido às instalações do Dops paulista.

Em 1982 o PT já estava implantado em quase todo o território nacional. Lula liderou a organização do partido e disputou, nesse mesmo ano o Governo de São Paulo, mas não se elegeu. Em agosto de 1983 participou da fundação da CUT - Central Única dos Trabalhadores. Em 1984 participou, como uma das principais lideranças, da campanha das "diretas já" para a Presidência da República, que lutava pela democracia. Em 1986 foi eleito deputado federal por São Paulo, o mais votado do país.

Presidência da República


O PT lançou Lula para disputar a Presidência da República em 1989, após 29 anos sem eleição direta para o cargo. Perdeu a disputa, no segundo turno, por pequena diferença de votos para o candidato Fernando Collor de Mello. Dois anos depois Lula liderou uma mobilização nacional contra a corrupção que acabou no "impeachment" do presidente Fernando Collor de Mello. Em 1994 e em 1998 Lula voltou a se candidatar para presidente da República, mas foi derrotado por Fernando Henrique Cardoso.

Em 2002, Lula concorreu pela quarta vez ao cargo de presidente da República, tendo como vice o empresário e senador José de Alencar, do PL de Minas Gerais. No dia 27 de outubro de 2002, com quase 53 milhões de votos, Lula é eleito Presidente da República, derrotando José Serra e se tornando o primeiro presidente vindo da classe trabalhadora.

Lula concorreu novamente, em 2006, para reeleição de presidente, derrotando Geraldo Alckmin do PSDB. Em 29 de outubro de 2011, Lula é diagnosticado com um câncer na garganta, mas depois do tratamento com quimioterapia e radioterapia estava curado.

Condenação

Os dois mandatos do presidente Lula foram marcados por grandes avanços sociais e também por grandes escândalos. Lula entrou para a história como o presidente que realizou enormes feitos e priorizou políticas que beneficiaram os mais pobres, em contrapartida, foi acusado de corrupção e lavagem de dinheiro. Através da "Lava a Jato", investigação realizada na época, no dia 12 de julho de 2017, o juiz Sérgio Moro condenou o ex-presidente a nove anos e seis meses de prisão.

No dia 24 de janeiro de 2018, o "Tribunal Regional Federal" confirmou a condenação de Lula. Na madrugada do dia 5 de abril de 2018, o "Supremo Tribunal Federal (STF)" rejeitou o habeas-corpus preventivo que garantiria a liberdade de Lula. No mesmo dia, uma ordem de prisão expedida pelo juiz Sérgio Moro, deu a Lula o prazo de se apresentar na Polícia Federal de Curitiba até às 17 horas da sexta-feira para começar a cumprir a pena.

Lula não se apresentou e se dirigiu para o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista, cercado de grande número de apoiadores, se entregando dois dias depois, no sábado, dia 7 de abril de 2018. Ele permaneceu preso por 580 dias na sede Polícia Federal de Curitiba. Foi solto em 8 de novembro de 2019, depois que o STF reviu e anulou os processos, considerando que houve parcialidade no julgamento.

Processos e denúncias

Além da condenação de nove anos e seis meses de prisão no caso do triplex do Guarujá (SP), o petista foi réu em outras ações penais: Em fevereiro de 2019 Lula foi condenado a 12 anos e 11 meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, no caso do sítio de Atibaia (SP), que Lula recebeu como propina da OAS e Odebrecht. A sentença foi dada pela juíza Gabriela Hardt.

Lula foi denunciado por ter recebido 4 milhões de reais em doações da Odebrecht ao Instituto Lula entre 2013 e 2014. Para os procuradores, as doações foram uma forma de lavar dinheiro. O juiz Bonat, que sucedeu a Moro na 13.ª Vara Federal de Curitiba, aceitou a denúncia em 2020. A Lava-Jato denunciou Lula por ter negociado com a Odebrecht um terreno para a instalação do Instituto Lula e um apartamento vizinho ao seu, em São Bernardo do Campo (SP).

Foi acusado de tráfico de influência, corrupção passiva e lavagem de dinheiro, dentro do BNDES para beneficiar a construtora Odebrecht. Outra ação diz respeito à Operação Zelotes, que apurou a compra de caças suecos, denunciado também por lavagem de dinheiro e tráfico de influência. 

Lula foi acusado também de fraudar a Petrobras, junto com outros integrantes do PT. Também foi denunciado por beneficiar a construtora Odebrecht, que colocou à disposição do PT 64 milhões em troca de decisões do governo que favorecesse à empresa. Lula permaneceu preso na Polícia Federal em Curitiba até o dia 8 de novembro de 2019, após o STF anular a prisão em segunda instância.

Em 2021 o juiz Edson Fachin anulou todos os processos contra Lula, restabelecendo os direitos políticos do ex-presidente. O argumento foi de que os casos não tinham conexão com o escândalo da Petrobras e, portanto, não deveriam ter tramitado na Justiça Federal em Curitiba. Edson Fachin anulou as duas condenações de Lula por corrupção e lavagem de dinheiro e em outros dois processos que ainda estavam em curso.

Sem as acusações, Lula não se enquadra mais na Lei de Ficha Limpa, recupera seus direitos políticos e disputa as eleições presidenciais em 2022, sendo o favorito nas pesquisas para se tornar novamente presidente, o que acabou ocorrendo. 

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