cinema
Karla Sofía Gascón perde oportunidade no Oscar com crise de comunicação
Polêmicas nas redes sociais afetam a trajetória da atriz espanhola
A tão aguardada semana do Oscar 2025 trouxe um clima de expectativa, especialmente para os brasileiros que esperam ver Fernanda Torres premiada como melhor atriz. Para alcançar esse feito, a atriz enfrenta uma concorrência pesada, com nomes como Demi Moore, Cynthia Erivo, Mikey Madison e Karla Sofía Gascón. É sobre a última que recai uma análise sobre como uma crise de comunicação pode afetar até os maiores sonhos da carreira.
Gascón, que foi a protagonista de Emilia Pérez, fez história ao se tornar a primeira mulher trans indicada na categoria de melhor atriz. A atriz espanhola surgia como uma forte candidata a seguir quebrando barreiras e ser a primeira trans a ganhar o prêmio. No entanto, sua trajetória sofreu um grande revés após polêmicas nas redes sociais e declarações controversas dadas à imprensa.
Esse episódio serve como um exemplo claro de como uma crise de comunicação mal gerida pode colocar em risco tudo o que foi conquistado. Vivemos em um mundo digitalizado, onde a informação circula instantaneamente, e qualquer comentário ou publicação pode ser registrado e repercutir rapidamente. Nesse cenário, a forma como comunicamos nossas opiniões pode tanto consolidar quanto destruir nossas reputações.
Bruno Vicente, jornalista especializado em assessoria de imprensa, gestão de crise e comunicação simples, afirma que o caso de Gascón é "um alerta para como uma crise de comunicação não tratada pode colocar tudo a perder". Para ele, "no mundo digitalizado que vivemos, a informação é instantânea e tudo fica registrado. Ou seja, o conteúdo e a forma como comunicamos pode construir ou destruir reputações." Ele ressalta que, antes de qualquer crise, uma estratégia simples poderia ter evitado o desgaste: "pensar antes de falar ou digitar". Embora pareça óbvio, o autor observa que é comum que figuras públicas "esqueçam o tamanho do alcance e do impacto de suas palavras", especialmente quando estão sob os holofotes.
No caso de Gascón, a maneira como ela lidou (ou não lidou) com a repercussão negativa de suas postagens e declarações só fez agravar ainda mais a situação. Ao terceirizar a culpa, eximir-se de responsabilidade ou deixar de pedir desculpas de maneira sincera, a atriz ampliou a polêmica, tornando a crise ainda mais prejudicial.
Vicente pontua: "O público e a mídia esperam transparência e autenticidade, e quando isso não vem, a confiança se rompe. E, sem confiança, pode ser que tudo que foi construído se perca em pouquíssimo tempo." Para a jornalista e crítica de cinema Rafa Gomes, o impacto na campanha de Gascón para o Oscar foi evidente. "A Netflix, por exemplo, retirou a atriz das ações promocionais do musical. Além disso, membros da Academia do Oscar demonstraram receio em votar na atriz ou no filme", explica a especialista, destacando que "há uma preocupação na Academia em demonstrar um grande distanciamento com o que o público quer assistir."
Esse distanciamento, conforme avalia Vicente, pode gerar um efeito dominó: "A preocupação da Academia com a receptividade do público pode resultar em perdas de audiência, relevância e, claro, de dinheiro." Para o jornalista, o episódio protagonizado por Gascón fora das telas é um claro exemplo de como uma comunicação ruim pode resultar em consequências desastrosas e irreversíveis.
Na era da hiperconectividade, Vicente conclui: "A reputação é tão valiosa quanto o talento. Saber se comunicar de forma clara e responsável é fundamental não só para construir sua marca pessoal, mas também para evitar que erros e desgastes afetem a percepção do público e destruam suas conquistas."