Brendo Silva, ex-seminarista natural de Belém (PA), relata em livro recém-lançado a vida que levou por mais de dez anos dentro de instituições católicas de formação religiosa. Segundo ele, era comum que seminaristas e padres mantivessem relações sexuais em segredo, ao mesmo tempo em que participavam de terapias voltadas à chamada "cura gay".

Atualmente professor e morando em São Paulo, Brendo lançou a obra A Vida Secreta dos Padres Gays – Sexualidade e Poder no Coração da Igreja (Matrix Editora), onde detalha festas, encontros organizados por religiosos e os conflitos internos que o fizeram abandonar o seminário em 2013, aos 18 anos.

No livro, ele conta que frequentava missas desde os 8 anos e entrou em um seminário aos 14. Viveu em quatro instituições, no Brasil e na Europa, e descreve ambientes de repressão afetiva, assédio e contradição. Ele afirma ter participado de encontros com dezenas de religiosos, incluindo padres conhecidos, e diz que a repressão institucional criava um clima de clandestinidade sexual.

Após deixar a vida religiosa, Brendo continuou recebendo mensagens de padres e até de bispos, segundo relata. Ele disse também ter sido alvo de ameaças e perseguições por parte de religiosos depois da publicação do livro.