Manifestação de esquerda tinha como foco o Congresso, mas atingiu Bolsonaro e Tarcísio

A manifestação convocada por governistas para esta quinta-feira, 10, em frente ao MASP tinha, originalmente, intenção de pressionar o Congresso em pautas como taxação dos super ricos, isenção do imposto de renda e fim da escala 6x1. O ato, no entanto, também se tornou protesto contra Jair Bolsonaro (PL) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) devido a taxação em 50% dos produtos brasileiros pelo EUA.
O evento, que iniciou por volta das 18h, contou com a participação de 15 mil manifestantes, segundo o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). O número é maior do que o registrado na última manifestação bolsonarista, realizada em 30 de julho, que contou com 12,4 mil participantes.
O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), durante a convocação, chamou militantes para protestar "contra os privilégios protegidos pelo Centrão e pela extrema-direita". No entanto, após o anúncio de sobretaxa dos produtos nacionais, o parlamentar alterou o mote e adotou a mensagem "Brasil para os brasileiros". "Mais do que nunca, amanhã é rua!", publicou Boulos em seu perfil no X (antigo Twitter) após a taxação.
Durante o evento, manifestantes gritaram "Fora Tarcísio", criticando o governador paulista que saiu em defesa de Bolsonaro após o anúncio de Donald Trump. O político afirmou em seu perfil no X que "somente o povo poderia julgar Bolsonaro" e almoçou com o ex-presidente nesta quinta, consolidando seu apoio.
"Aqui estão os verdadeiros patriotas, não quem é traidor da pátria, não quem usa símbolo nacional para conspirar contra o país. É um ato em defesa do Brasil, do povo brasileiro", declarou Boulos durante a manifestação. O político ainda criticou Tarcísio e disse que ele "deveria pedir votos em Miami" nas próximas eleições.
O discurso de "nós contra eles", adotado pelo governo, também se manifestou no ato. Por meio de faixas com dizeres como "Congresso inimigo do povo", "Congresso da mamata" e "Congresso podre" manifestantes endossaram a estratégia que opõe o Executivo ao Legislativo.