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Violência explode após júri livrar policial que matou jovem negro em Ferguson

Por O Globo 25/11/2014 - 08:58

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Tiros soaram e prédios foram queimados em Ferguson, Missouri, depois que um grande júri decidiu, na noite de segunda-feira, não indiciar um policial branco pela morte de um adolescente negro desarmado, o que provocou uma nova onda de violentos protestos em várias cidades dos Estados Unidos. O chefe de polícia do condado de St. Louis, Jon Belmar, disse que os distúrbios de segunda-feira à noite e madrugada de terça-feira foram “muito piores” do que as manifestações que ocorreram logo depois da morte de Michael Brown, de 18 anos, ao ser baleado pelo policial Darren Wilson, em 9 de agosto. Após horas de caos e fúria, a queda da temperatura, o cansaço e a chegada da Guarda Nacional parecem ter acalmado as tensões.

 

 

 

Tiros soaram e prédios foram queimados em Ferguson, Missouri, depois que um grande júri decidiu, na noite de segunda-feira, não indiciar um policial branco pela morte de um adolescente negro desarmado, o que provocou uma nova onda de violentos protestos em várias cidades dos Estados Unidos. O chefe de polícia do condado de St. Louis, Jon Belmar, disse que os distúrbios de segunda-feira à noite e madrugada de terça-feira foram “muito piores” do que as manifestações que ocorreram logo depois da morte de Michael Brown, de 18 anos, ao ser baleado pelo policial Darren Wilson, em 9 de agosto. Após horas de caos e fúria, a queda da temperatura, o cansaço e a chegada da Guarda Nacional parecem ter acalmado as tensões.

 

 

 

 Mais cedo, multidões furiosas se reuniram em torno do departamento de polícia de Ferguson, um subúrbio de St Louis, após o grande júri determinar que não havia razões para indiciar Wilson. As forças de segurança se equiparam com artilharia pesada na área perto de onde Brown foi baleado e usaram gás lacrimogênio durante enfrentamentos com manifestantes, que atiraram objetos contra os policiais aos gritos de “sem justiça não há paz”. Vitrines foram quebradas, lojas saqueadas e carros e 12 edifícios incendiados, incluindo um salão de beleza e uma pizzaria.

 

 

 

O governador do estado de Missouri, Jay Nixon, convocou a Guarda Nacional para restaurar a ordem e já havia reforçado o número de policiais nas ruas ante a possibilidade de protestos. A violência explodiu apesar dos apelos de contenção do presidente americano, Barack Obama, que se juntou à família do adolescente pedindo calma e exortando os americanos a aceitarem a decisão de júri.

 

 

 

Jon Belmar disse que ouviu cerca de 150 tiros durante a noite. Ao menos 29 pessoas foram detidas e 13 ficaram feridas nos confrontos — dois por bala.

 

 

 

— Assassinos, vocês não são nada além de assassinos — gritava uma mulher usando um megafone em Ferguson.

 

 

 

Protestos também foram registrados em Nova York, Chicago, Seattle, Los Angeles, Oakland e Washington, num caso que chamou atenção para a longa data de tensões raciais não apenas na predominantemente negra Ferguson, mas em todo o país. Em Los Angeles, vídeos e fotos mostram policiais disparando balas de borracha contra manifestantes.

 

 

 

A família de Brown não escondeu o desapontamento com a decisão do júri, mas pediu calma aos manifestantes.

 

 

 

“Estamos profundamente decepcionados de que o assassino do nosso filho não tenha que sofrer as consequências de seus atos”, declarou a família de Brown em um comunicado, no qual pediu “respeitosamente que qualquer manifestação seja pacífica”.

 

 

 

Os 12 jurados, nove brancos e três negros, escutaram 70 horas de depoimentos de quase 60 testemunhas, examinaram centenas de fotografias e ouviram três médicos legistas.

 

 

 

— O dever de um grande júri é separar os fatos da ficção. Os juízes determinaram que não há razão suficiente para apresentar acusações contra o policial Wilson — afirmou o promotor de St. Louis, Robert McCulloch.

 

 

 

O veredicto foi anunciado após a morte no fim de semana em Ohio, no Norte do país, de um adolescente negro de 12 anos. A vítima foi atingida por tiros de policiais quando estava com uma pistola de brinquedo, o que provocou o temor de novos protestos violentos.

 

 

 

O episódio da morte de Brown aconteceu após a denúncia de um roubo em uma loja de Ferguson. As testemunhas afirmam que o adolescente, um estudante do ensino secundário, estava com os braços para o alto quando foi baleado. Wilson alegou que agiu em legítima defesa por temer um ataque.

 

 

 

Depois de ser baleado, o corpo do jovem permaneceu na rua durante horas, um fato que foi considerado pelos manifestantes como um sinal de desprezo das forças de segurança pela população negra. Quase 70% da população de Ferguson é negra, mas as autoridades políticas e policiais são majoritariamente brancas.

 


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