Se você está planejando uma viagem em 2024, esteja preparado para pagar algumas taxas no seu destino. Um número crescente de lugares famosos em todo o mundo está cobrando imposto aos turistas – uma taxa que é frequentemente adicionada às contas dos hotéis ou cobrada já na chegada.

De acordo com um relatório de 2020 do Grup NAO (agência com foco em mudanças no turismo, cultura, desenvolvimento urbano e comunitário), e do GDS-Movement (sigla para Global Destination Sustainability Movement, ou Movimento Global de Destinos Sustentáveis, em português), a popularidade da prática cresceu na última década – especialmente nos Estados Unidos e Europa.

Algumas razões explicam o aumento das taxas, explica Guy Bigwood, um dos autores do relatório e “principal agente de mudança” do GDS-Movement. Mais destinos estão criando iniciativas de sustentabilidade – e para alcançar os seus objetivos verdes, precisam de financiamento adicional. “Os impostos turísticos podem ajudar nisso”, diz Bigwood.

As viagens para locais populares também regressaram aos níveis anteriores à pandemia, reacendendo a “turismofobia” – que nada mais é do que o medo, a ansiedade e a rejeição de práticas turísticas insustentáveis. “As taxas turísticas estão sendo consideradas como uma ferramenta de controle dos números”, acrescenta.

O que são taxas turísticas?

As taxas turísticas foram introduzidas originalmente por certos governos com o objetivo de moderar o excesso de turismo e gerar receitas a partir de um grande número de viajantes que entram no destino.

Em 2023, muito se falou sobre o impacto negativo do turismo em excesso, ou “overturism”. Em particular, em algumas cidades e países, os residentes locais sofrem com o número excessivo de turistas, à medida que os imóveis se tornaram cada vez mais inacessíveis, especialmente com proprietários investindo em casas de férias. Além disso, as autoridades têm de lidar com os danos ao meio ambiente, excesso de lixo, deterioração de patrimônios históricos, segurança, entre outros tantos problemas.

É por isso que os destinos turísticos mais populares do mundo, como por exemplo Veneza e Amsterdã, estão tentando manter o número de viajantes sob controle. O método mais comum para dissuadir a aglomeração é a aplicação de uma taxa turística. Esta prática não é nova, uma vez que já é amplamente utilizada em muitos países, no entanto, alguns lugares começaram a introduzi-la recentemente.

O Butão, por exemplo, pediu aos turistas que pagassem uma quantia significativa de dinheiro para entrar desde que abriu aos viajantes em 1974. O país usa o imposto (chamado Taxa Diária de Desenvolvimento Sustentável) na tentativa de preservar a beleza natural e intocada do país e proteger a cultura budista tradicional.

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Alguns destinos com novas taxas turísticas em 2024:

Barcelona, Espanha

Barcelona aumentará a taxa turística como parte de um programa de dois anos anunciado pelas autoridades locais em 2022. Desde 2012, os turistas pagam dois impostos na cidade: um imposto turístico regional e um imposto municipal adicional. Em 2023, as autoridades municipais aumentaram o imposto municipal para 2,75 euros (cerca de R$ 15). A partir de 1º de abril de 2024 haverá um segundo aumento, passando para 3,25 euros (R$ 17,70). As autoridades locais afirmam que o dinheiro recebido irá para financiar a infraestrutura da cidade, incluindo melhorias na superfície das estradas, serviços de autocarros e escadas rolantes.

Olhão, Portugal

Em 2023, a popular vila de pescadores de Olhão, em Portugal, introduziu uma taxa turística: os viajantes que chegam no lugar, de abril a outubro, pagam 2 euros (R$ 10,90) por noite, e de novembro a março, a taxa é reduzida para 1 euro (R$ 5,45). O governo local planeja utilizar os fundos recebidos para minimizar o impacto do turismo na cidade, em particular para melhorar a limpeza e a segurança. A taxa turística também é cobrada por outros dois destinos do Algarve: Faro (1,5 euros por noite, de março a outubro) e Vila Real de Santo Antônio (1 euro por noite).

Bali, Indonésia

Desde fevereiro de 2024, os turistas que chegam a Bali pagam uma taxa de 150 mil rúpias indonésias (aproximadamente R$ 48). Para isso foram instalados quiosques especiais no Aeroporto Internacional Ngurah Rai. As autoridades prometem que todo o processo leva menos de 30 segundos. Os recursos recebidos serão destinados à preservação do meio ambiente, da natureza e da cultura, bem como à melhoria da qualidade de vida em Bali. O imposto também se aplica aos visitantes de qualquer uma das ilhas vizinhas a Bali.

Veneza, Itália

A taxa turística em Veneza já é debatida há bastante tempo, mas foi decidido que em 2024 a cidade cobraria entrada apenas em determinados períodos. Especificamente, os visitantes terão de pagar 5 euros (cerca de R$ 27) para entrar nos finais de semana e outros feriados, de abril a meados de julho, em um total de 29 dias. Além disso, a tarifa será válida exclusivamente nos horários de pico (8h30 às 16h). A taxa de entrada tem como objetivo reduzir a aglomeração, incentivar visitas mais longas e melhorar a qualidade de vida dos moradores. Os fundos serão destinados a serviços que ajudam os habitantes locais, como manutenção, limpeza e redução do custo de vida.

Amsterdã, Holanda

Em Amsterdã, o destino mais buscado da Holanda, a taxa turística para 2024 será de 12,5% acrescida no valor da hospedagem, válida desde campings até hotéis e locações do tipo Airbnb. A taxa para passageiros de navios de cruzeiro também está prevista para aumentar. Este aumento coloca a cidade no topo da lista das taxas turísticas mais elevadas da União Europeia.