A economista Lisa Cook, primeira mulher negra a integrar o Conselho de Governadores do Federal Reserve (Fed), voltou ao centro das atenções após ser alvo de uma decisão inédita do presidente Donald Trump, que anunciou sua demissão na segunda-feira, 25. Cook, no entanto, contesta a medida e afirma que seguirá no cargo, reforçando a trajetória de firmeza que marcou sua carreira.

Cook fez história em 2022, ao ser indicada pelo então presidente democrata Joe Biden para o conselho do Fed, onde tem mandato até 2038. A nomeação representou não apenas um avanço de representatividade, mas também o reconhecimento de uma economista de destaque, com sólida experiência em pesquisa e formulação de políticas públicas.

Professora da Universidade Estadual de Michigan, Cook construiu sua trajetória acadêmica em instituições de excelência. É doutora pela Universidade da Califórnia, Berkeley, e já foi economista da Universidade de Oxford. No campo internacional, atuou na reconstrução de Ruanda após o genocídio de 1994, experiência que consolidou sua visão sobre o papel da economia no combate às desigualdades.

“Essa experiência me convenceu da enorme responsabilidade que os economistas têm”, afirmou Cook em uma de suas falas públicas, destacando seu compromisso em usar dados e métodos inovadores para propor soluções.

A economista também integrou o Conselho de Assessores Econômicos do presidente Barack Obama e trabalhou no Departamento do Tesouro dos Estados Unidos. Reconhecida por falar cinco idiomas, entre eles o russo, Cook também pesquisa os efeitos da discriminação sobre a economia americana, especialmente em períodos de recessão.

No Fed, participou de decisões cruciais sobre a taxa de juros em um contexto de inflação elevada e recuperação pós-pandemia. Nos últimos meses, defendeu a manutenção das taxas, adotando uma postura cautelosa diante das pressões econômicas.

Apesar das acusações de Trump, a economista reforçou, em nota divulgada por seu advogado, que não deixará o cargo: “Não vou renunciar. Continuarei a cumprir meus deveres para ajudar a economia americana, como venho fazendo desde 2022.”

Com uma carreira marcada por pioneirismo, Lisa Cook tornou-se símbolo da luta pela diversidade e da defesa da independência do banco central americano.