SAÚDE

Família de idosa denuncia negligência e descaso no hospital Unimed Maceió

Paciente aguarda cirurgia após deslocamento de prótese óssea no fêmur
Por Redação 07/12/2024 - 12:35

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Marcelo Camargo/Agência Brasil
Família denuncia descaso com paciente idosa em Maceió
Família denuncia descaso com paciente idosa em Maceió

Familiares da idosa Leni Rocha, de 77 anos, denunciaram negligência e descaso durante internação no hospital da Unimed Maceió, em Alagoas. A paciente deu entrada na unidade no dia 24 de novembro para tratar de uma fratura no fêmur, decorrente de uma queda. Após a realização de cirurgia ortopédica, no dia 26 de novembro, para a colocação de uma prótese femoral, a paciente passou a reclamar de dor intensa e constante à equipe médica.

O prontuário mostra que Leni poderia ter recebido alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) 24 horas após a cirurgia, o que não ocorreu devido à falta de leito de apartamento no hospital. A transferência ocorreu somente dois dias depois, em 28 de novembro, mas a dor não cessava, de acordo com a paciente. Ainda assim, a equipe do hospital insistia que a idosa deveria estar se movimentando e dizia que a dor seria “normal” no processo pós-cirúrgico.

No dia 29 de novembro, três dias após a cirurgia, a equipe médica realizou um raio-X que demonstrou deslocamento e luxação da prótese colocada no fêmur da paciente. Não se sabe o motivo da demora, mas somente na tarde do dia 2 de dezembro a equipe constatou o problema, e imediatamente sinalizou a necessidade de reabordagem cirúrgica, cuja marcação ficou para o dia seguinte. A nova cirurgia, porém, não ocorreu, pois não havia leito disponível na UTI do hospital.

Segundo familiares da paciente, os seis dias entre a cirurgia e a identificação do problema na prótese foram dolorosos. “Ver a minha tia chorando de dor, enquanto a equipe afirmava que ela deveria estar se movimentando, sem nos dar qualquer tipo de orientação a respeito de limitação de movimentos, fisioterapia, ou conduta de recuperação pós-cirúrgica, foi desesperador,” afirmou Ana Célia Rocha, sobrinha da paciente.

O novo diagnóstico da paciente resultou em um impasse: como não havia leito de UTI disponível, ela não poderia ser operada. O cirurgião ortopedista responsável comparece ao hospital apenas às segundas e terças-feiras. Entendendo o contexto doloroso da paciente, porém, disponibilizou-se para realizar a nova cirurgia tão logo houvesse vaga de UTI. Por mais três dias, a família permaneceu sem respostas, e sem previsão de resolução.

Nesta sexta-feira, 6, a equipe médica informou à paciente e sua família que um leito na UTI do hospital estava disponível. O ortopedista responsável foi à unidade e conversou com a família e a paciente, que estavam esperançosas. Segundo relatos, da família, porém, o médico responsável pela UTI não autorizou o uso do leito para a paciente, por não acreditar que havia urgência em acomodá-la na unidade. Foram envolvidos, além dos familiares e do cirurgião responsável, assistente social e outros funcionários do hospital, mas o médico responsável pela UTI continuou irredutível.

“O fato é que a minha tia, que antes era completamente independente para as atividades diárias, já se encontra acamada há quase duas semanas.” afirma Ana Célia, sobrinha da paciente. “Ela hoje enfrenta dificuldades até para realizar a troca de sua fralda geriátrica e higiene pessoal, dada a falta de assistência do hospital".

Especialistas da saúde afirmam que o tempo de internação e a demora para retomar a deambulação, somados à ansiedade da espera e falta de respostas do hospital, são consideravelmente proporcionais à possibilidade de uma boa recuperação. Além disso, os risco de infecção hospitalar e redução da massa muscular da paciente aumentam a cada dia.

Até o momento, no entanto, a idosa segue sem o devido tratamento; e a família sem respostas ou previsão de qualquer resolução. “Quando a gente faz um plano de saúde, que não é barato, a gente acredita que será amparada quando precisar", afirma a paciente Leni Rocha. “Eu sempre achei que estava protegida, mas descobri da pior forma que não é o caso. Estou sofrendo com o descaso da Unimed,” afirma a idosa.

O que diz a lei

A recusa ou embaraço na prestação de atendimento médico à pessoa idosa constitui crime punível com reclusão de 6 meses a 1 ano e multa. A conduta está tipificada no art. 100, III, do Estatuto do Idoso: "recusar, retardar ou dificultar atendimento ou deixar de prestar assistência à saúde, sem justa causa, a pessoa idosa".


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