POLÊMICA
Bolsonaro nega tentativa de obstrução de investigação do caso Marielle
Por Reuters
04/11/2019 - 11:43
Atualização: 04/11/2019 - 11:44
Divulgação
“Que obstrução? Apenas eu falei com meu filho, ele foi na portaria, coisa que qualquer um dos 150 moradores do condomínio podem fazer, colocou a data 14 de março do ano passado, e todas as ligações para a minha casa e a casa dele, colocou o áudio, e filmou esse áudio, nada mais além disso”, disse Bolsonaro em entrevista à TV Record exibida na noite de domingo.
Na quarta-feira, Carlos Bolsonaro publicou um vídeo nas redes sociais em que acessava o sistema de gravação de áudio da portaria do condomínio para mostrar, segundo ele, que o porteiro que citou o nome de Bolsonaro nas investigações da morte de Marielle não tinha falado a verdade.
O vídeo foi publicado após reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, afirmando que o porteiro disse em depoimento que Élcio Queiroz, acusado de dirigir o carro usado no assassinato da vereadora do Rio de Janeiro e de seu motorista Anderson Gomes, em março do ano passado, entrou no condomínio afirmando que ia à casa de Bolsonaro e que teve a entrada autorizada pelo “seu Jair”.
Queiroz, de acordo com a reportagem que cita o depoimento, teria, na verdade, ido à residência de Ronnie Lessa, acusado de efetuar os disparos que mataram Marielle e Anderson. Lessa mora no mesmo condomínio de Bolsonaro.
Na reportagem, o Jornal Nacional disse que o sistema de presença da Câmara dos Deputados mostra que Bolsonaro estava em Brasília no dia do assassinato de Marielle, o mesmo em que Queiroz teria visitado Lessa no condomínio.
O presidente confirmou que estava em Brasília e fez duros ataques à TV Globo e ao governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), a quem acusou de vazar as investigações, que correm sob segredo de Justiça.
O Ministério Público do Rio de Janeiro, que lidera a apuração do caso Marielle junto com a polícia do Rio de Janeiro, afirmou no mesmo dia em que Carlos fez a gravação que o porteiro do condomínio mentiu, uma vez que as investigações apontam que é de Ronnie Lessa a voz que aparece em uma gravação autorizando a entrada de Élcio Queiroz.
Após a reação do MPRJ, uma das promotoras que atuam no caso decidiu se afastar da apuração da morte de Marielle e Anderson depois que foram reveladas publicações dela em redes sociais de apoio a Bolsonaro durante a campanha eleitoral do ano passado.