ELEIÇÕS 2022

Isolado, Collor se apega a Bolsonaro em busca da reeleição

Senador mantem fidelidade em alta com presidente, rejeitado nas pesquisas
Por Odilon Rios - Especial para o Extra 07/11/2021 - 17:02
A- A+
Facebook/assessoria
O senador Fernando Collor em Campo Alegre
O senador Fernando Collor em Campo Alegre

O cenário é dos piores para Jair Bolsonaro (sem partido). Hostilizado pelo mundo, esnobado por presidentes da maioria das nações, em queda nas pesquisas e com chances reais de não ser reeleito, o presidente da República está com a fidelidade em alta quando falamos do senador Fernando Collor (PROS) e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP).

Confiança que contrasta com muitas incertezas. A maior delas é a sobrevivência, para além das eleições do próximo ano, do Auxílio Brasil, que substitui o Bolsa Família.

Quase meio milhão de famílias em Alagoas depende exclusivamente do Bolsa, que atende a um público abaixo da linha de pobreza, os antigos descamisados que Collor tanto falava nas eleições presidenciais de 1989, o mesmo público que mora à beira da Lagoa Mundaú em Maceió, onde o senador costuma dar os pontapés iniciais de suas campanhas eleitorais.

Hoje, pelo país, 1 milhão de famílias estão na fila de espera do Bolsa. Além disso, o país acumula mais de 20 milhões de desempregados e desalentados. Para os endividados, o cenário também é difícil. 30% das empresas operam no prejuízo. Com a alta da Selic, o acesso ao crédito está mais caro e isso no final do ano, quando o 13º anima quem lucra nesta época com as compras de Natal e Ano Novo.

Mas Fernando Collor, que disputa a reeleição, sabe que o governo oferta crédito imobiliário de olho em votos mais populares. Dinheiro que irriga os cofres das construtoras em tempos de pandemia, com seis meses de carência. Uma operação arriscada – acredita-se que as pessoas terão dinheiro para pagar, apesar da inflação, do aumento do desemprego e a retomada lentíssima no pós-pandemia.

Mesmo assim, no dia 13 de maio, lá estavam Bolsonaro, Collor e Lira juntos, em Maceió, na entrega de 500 casas populares do Residencial Oiticica I, no Benedito Bentes: 1.500 pessoas beneficiadas, segundo a assessoria presidencial.

Em 28 de setembro, nova entrega de casas, agora em Teotônio Vilela, também com Bolsonaro, Collor e Lira, na cidade-celeiro de votos do presidente da Câmara.

“Precisamos [a população brasileira] nesse momento, minha gente, é de estarmos unidos ao nosso presidente eleito democraticamente em 1998 para cumprir o seu mandato de quatro anos”, disse Collor, num ato falho. Em 1998, o presidente era Fernando Henrique Cardoso.

Ministros de Bolsonaro também desfilam status, prestígio e falam em cifras nos palanques, sempre com Collor e Lira por perto.

“Estamos aqui no estado de Alagoas em um dia muito importante, onde a gente dá a ordem de serviço para a BR-416, que vai ligar Colônia Leopoldina a Ibateguara e também discutindo bastante a obra da BR-101. Há muito tempo a gente vem trabalhando isso com o nosso senador Fernando Collor e ele vem mostrando essa preocupação com o trecho de Joaquim Gomes e os trechos do Sul do estado também, e a gente vem garantindo que os esforços dele vão ser recompensados e vamos conseguir manter essas obras em andamento. O governo Bolsonaro está olhando com bastante atenção as obras aqui no estado de Alagoas”, disse o ministro da Infraestrutura Tarcísio Freitas, em 18 de outubro.

E mais discurso e anúncios de dinheiro nesta sexta, 5, com os ministros da Educação, Milton Ribeiro, e do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.

Milton Ribeiro é mesmo ministro que defendeu a universidade brasileira para poucos, com elogios aos “filhinhos de papai”, mais preparados, segundo ele:

"Pelo menos nas federais, 50% das vagas são direcionadas para cotas. Mas os outros 50% são de alunos preparados, que não trabalham durante o dia e podem fazer cursinho. Considero justo, porque são os pais dos 'filhinhos de papai' que pagam impostos e sustentam a universidade pública. Não podem ser penalizados", disse Ribeiro, em agosto.

Collor, ignorando as declarações, apresentou ao Senado projeto que facilita o ingresso de estudantes ao Prouni. “A nossa proposta assegura que a cada 9,5 estudantes matriculados, as instituições de Ensino Superior assegurem uma bolsa integral a um jovem carente. É uma justa medida e de grande alcance social”.

Isolado politicamente, Collor tem como única alternativa apoiar Bolsonaro. O ex-presidente Lula marcha com os Calheiros. O senador Renan (MDB) discute com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), uma composição onde ele seja o vice de Lula. Já Collor precisa apegar sua imagem à de Bolsonaro e ministros tanto nas redes sociais quanto nas ruas, além de buscar apoio em lugares mais liristas. Fez isso recentemente em Campo Alegre, na entrega de uma retroescavadeira e de um respirador. Em Arapiraca, sem a presença do prefeito Luciano Barbosa (MDB), entregou 4 respiradores.

Publicidade

Leia mais sobre


Encontrou algum erro? Entre em contato