JOGO DO PODER

JHC muda nome e manda recado nas redes

Aliança com Arthur Lira trava na federação PP e União Brasil
Por Odilon Rios - Especial para o Extra 11/03/2023 - 10:05
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JHC (PL), prefeito de Maceió
JHC (PL), prefeito de Maceió

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A aliança entre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), e o prefeito de Maceió, JHC (PL), está bastante atrelada à federação PP e União Brasil, costurada em Brasília.

Os dois partidos em Alagoas são comandados por Lira, mas a grande questão é que um acordo deste porte – e valendo para todos os estados – serve para duas eleições: 2024 e 2026.

É um tempo grande demais, levando em conta que os aliados de hoje podem virar inimigos renhidos numa outra eleição. Basta que os interesses sejam os mesmos.

Sabe-se que o prefeito de Maceió vai disputar a reeleição. Porém ele também se movimenta como candidato ao governo. Arthur Lira tem interesse em apoiar Jota nos dois casos, mas ele também sabe que o ex-deputado federal João Caldas teria de abrir mão de indicações na Prefeitura, ampliando o leque de aliados, para ajustar os escolhidos de Lira

Jota também precisará resolver quem será o próximo vice: o ex-deputado Davi Davino Filho (PP), terceiro colocado nas eleições à Prefeitura da capital em 2020 e o mais votado ao Senado em Maceió. Ou o presidente da Câmara Galba Netto (MDB) que, além de estar filiado ao partido presidido pelo senador Renan Calheiros, rival de Jota, está enrolado em investigações do Ministério Público Estadual por se recusar a publicar gastos dos vereadores no portal da transparência.

Definir o vice é importante porque o prefeito, se reeleito, deve renunciar em 2025, seis meses antes das eleições, para disputar o governo do Estado. E o vice terá de ser um aliado incondicional para o fechamento das contas e não causar problemas ao candidato sem mandato.

Além disso, prefeitos de Maceió estão cercados por uma maldição: depois da cadeira, a carreira política não avança. Kátia Born, Cícero Almeida e Rui Palmeira são os exemplos mais recentes. A exceção ainda é Ronaldo Lessa, o prefeito que virou governador.

Jota quer quebrar esta lógica. E parece mandar recados a Lira: nas redes sociais, proclamou um novo nome: “JHC do Povo”. “Nunca tive grandes alianças políticas ou estrutura partidária, mas sempre tive o POVO ao meu lado. Nossa moeda de troca sempre foi a confiança”, disse.

“Tive que mudar o meu perfil e senti essa vontade de externar minha eterna gratidão e o orgulho de representar o POVO da nossa terra”, completou. É um recado para quem?

Enquanto a aliança não sai, Jota estreou um programa e anunciou um auxílio de R$ 1.200 para 2 mil mulheres abrirem o próprio negócio e ganharem autonomia financeira, justifica o prefeito. Além de um programa de reforma de praças, aumento nos atendimentos em postos de saúde, operação tapa-buraco em 124 ruas, plano de mídia para divulgação de Maceió em companhias aéreas, com reflexos em julho, mês de férias.

Sem pressa

Enquanto isso, Arthur Lira parece querer fechar uma aliança com o prefeito de Maceió mas não neste momento.

Primeiro, ele precisa ajustar os cargos federais em Brasília, os cargos federais em Alagoas e chegar na administração municipal. Duas pastas estão à sua espera: Assistência Social e Educação, áreas com bastante visibilidade e com a promessa de atrair recursos da União, via Arthur Lira.

Para acelerar as composições, o presidente da Câmara atuou junto ao União Brasil para manter o fraquíssimo ministro Juscelino Filho (Comunicações) no governo Lula, mesmo com uma leva de denúncias contra ele. Mas interessa ao União Brasil ter este personagem num ministério tão poderoso e que, em breve, vai estar no centro do debate sobre a regulação da mídia brasileira, discussão estimulada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes.

Por isso, ao lado de empresários paulistas, Arthur Lira mandou recados a Lula, falando que o governo não tinha base no Congresso para aprovar a reforma tributária. Petistas chiaram com as declarações.

A esquerda tem 135 votos dos 513. Uma reforma tributária deve ser votada através de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC). Significa: 308 deputados. O União Brasil, com três ministérios, ainda não diz claramente na Câmara que é governo. E se mexe para assinar a criação da CPI dos Atos Antidemocráticos, encabeçada por acusados de estimular o terrorismo. Bolsonaristas acusam o PT de infiltrar radicais nos atos de 8 de janeiro.

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