brasília
PT pede arquivamento de PL da Anistia, mas Lira deve ignorar requerimento
Presidente da Câmara tende a manter comissão especial para analisar projetoOs deputados Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, e Odair Cunha (PT-MG), líder da bancada na Câmara, solicitaram nesta quarta-feira, 20, ao presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), o arquivamento do projeto de lei que propõe anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro. O pedido ocorre após a Operação Contragolpe, da Polícia Federal, revelar um plano de assassinato de autoridades em 2022, envolvendo quatro militares, incluindo um general da reserva, e um agente da PF.
No entanto, interlocutores de Lira afirmam que ele deve ignorar o requerimento e manter a tramitação da proposta na comissão especial criada no fim de outubro. A estratégia retarda a análise do texto, que estava prestes a ser votado na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), presidida pela deputada Caroline De Toni (PL-SC).
No requerimento, os parlamentares petistas destacaram as investigações que apontam uma trama para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), além de explodir bombas em frente à Corte. Os crimes teriam sido planejados durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), com um dos envolvidos atuando no Palácio do Planalto.
“Manter a tramitação da proposta de anistia é inoportuno e prejudicial ao processo democrático e à paz nacional”, argumentaram Hoffmann e Cunha no documento enviado a Lira. Os deputados pediram o arquivamento imediato do projeto. A manutenção da tramitação é vista como parte da estratégia política de Arthur Lira para evitar impactos nas articulações para sua sucessão na Câmara. Lira apoia Hugo Motta (Republicanos-PB) na eleição da presidência da Casa, em fevereiro, e busca preservar sua interlocução com Lula e Bolsonaro.
Enquanto Lira mantém silêncio sobre as revelações da Operação Contragolpe, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), foi o único a emitir nota pública em apoio às investigações.