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Dividido entre Lula e o bolsonarismo, MDB já define apoios para 2026

Alagoas e a capital paulista simbolizam a polarização que divide os emedebistas
Por Redação 14/04/2025 - 09:39
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Reprodução
Lula e Bolsonaro na Band
Lula e Bolsonaro na Band

O Movimento Democrático Brasileiro (MDB) chega a 2026 com suas fissuras internas mais visíveis do que nunca. A histórica estratégia de alianças locais com os grupos de poder estabelecidos tem resultado, mais uma vez, em um partido dividido entre os campos lulista e bolsonarista. Embora os palanques ainda não estejam totalmente definidos, as direções já estão traçadas: enquanto o MDB do Nordeste e parte da região Norte se alinha ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ala Sudeste e Centro-Oeste caminha em sentido oposto, com posições mais críticas ao PT.

Segundo reportagem da IstoÉ, em Alagoas, o alinhamento com o governo federal é claro. O ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), já comunicou ao presidente Lula que deixará a pasta em 2026 para concorrer novamente ao governo do estado. Ele reassumirá o mandato de senador, ao qual foi eleito em 2022, e disputará o Executivo estadual com apoio do clã Calheiros, em uma aliança estratégica com o Palácio do Planalto.

Mas essa aliança vem acompanhada de uma equação complexa. Lula, ao tentar atrair o apoio do deputado Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara nos dois primeiros anos de seu governo, teria prometido endossar uma possível candidatura de Lira ao Senado. O problema: o MDB alagoano já tem Renan Calheiros, pai do ministro Renan Filho, como candidato à reeleição. Como serão duas vagas em disputa, a segunda virou objeto de disputa acirrada.

O impasse se agrava com a movimentação do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), o JHC. Embora seja do partido de Jair Bolsonaro, JHC teria buscado o apoio de Renan Calheiros para ser o segundo nome na chapa ao Senado encabeçada por Renan Filho. Como moeda de troca, o grupo do prefeito tem negociado o apoio à indicação de sua tia, Marluce Caldas, para uma vaga no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ela integra a lista tríplice de candidatos, e a escolha final caberá ao presidente da República.

Apesar de ter firmado um compromisso com Lira para assegurar a governabilidade no início do mandato, Lula não controla a formação da chapa majoritária em Alagoas. E a crescente tensão entre o presidente da Câmara e o clã Calheiros pode inviabilizar um palanque unificado, frustrando o desejo de Lula de ver forças rivais reunidas em um mesmo projeto estadual. Com pouca expressão local, o PT conta apenas com o deputado federal Paulão como seu principal representante em Alagoas.

Renan Filho, que tem mandato de senador até 2030, deixou o governo de Alagoas em 2022 com alta aprovação e foi decisivo na eleição do atual governador, Paulo Dantas (MDB). Seu retorno à disputa estadual reforça o controle do MDB no estado e torna a chapa local ainda mais estratégica para o Planalto.

Enquanto isso, no maior colégio eleitoral do país, o MDB de São Paulo adota outra direção. Liderado nacionalmente pelo deputado Baleia Rossi, o partido aposta em um acordo com setores bolsonaristas. O foco está no futuro político do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), potencial candidato à Presidência em 2026. Se Tarcísio decidir entrar na corrida presidencial, o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), espera contar com o apoio dele para concorrer ao governo do estado.

A articulação passa pelo presidente do PSD, Gilberto Kassab, atual secretário de Governo paulista e um dos principais estrategistas da direita moderada. Kassab afirma publicamente que Tarcísio será candidato à reeleição, mas admite a possibilidade de lançar seu próprio nome caso o Republicano opte por uma candidatura nacional. Se Nunes deixar a prefeitura para disputar o governo, quem assume é o vice-prefeito Ricardo Melo Araújo, também ligado ao bolsonarismo e filiado ao PL.

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