POLÍTICA
Sem Motta, jantar de Lira, Derrite e Cunha expõe fragilidade na Câmara
Conversa misturou amenidades com esclarecimentos técnicos e avaliações políticas
O jantar entre Arthur Lira, Eduardo Cunha e Guilherme Derrite, na noite de quarta-feira, 12, em Brasília, revelou bastidores que reforçaram a percepção de isolamento do presidente da Câmara, Hugo Motta. A informação foi divulgada pela coluna de Carla Araújo, do UOL.
Segundo relatos citados pela colunista, Lira recebeu Cunha em seu gabinete e o convidou para um jantar em um tradicional restaurante da capital. Ao chegar, avisou que outro nome se juntaria à mesa: o deputado Guilherme Derrite, relator do chamado Marco Legal de Combate ao Crime Organizado.
Os três conversaram sobre pontos do texto, eventuais ajustes e as chances de aprovação. Derrite afirmou que o projeto está “pronto” e disse acreditar que a votação ocorrerá na terça-feira, ressaltando que está disposto a analisar emendas apresentadas no plenário.
Lira e Cunha relataram a aliados que veem segurança no relator e minimizaram a alternância de versões no parecer. Para ambos, faz parte da negociação “colocar trechos para negociar e tirar depois”, estratégia comum a projetos de alta complexidade na Câmara.
Segundo a coluna, aliados de Derrite afirmam que ele não pretende politizar o tema, apesar da visibilidade que a relatoria lhe garante. Dizem ainda que o deputado tenta aprovar “o que acredita” e tem mantido diálogo com diversas bancadas.
A ausência de Motta no jantar e, sobretudo, na foto que circulou, chamou atenção de parlamentares que conversaram com a colunista. Eles afirmam que isso reforçou a imagem de fragilidade do presidente da Câmara, que precisou adiar sessão na quarta-feira após pressão do governo e da oposição por causa do texto relatado por Derrite.
Nos bastidores, interlocutores dizem que, apesar da proximidade com Lira e Cunha, Motta precisa demonstrar mais firmeza para conduzir a Casa e assumir o ônus e bônus de suas decisões, especialmente na escolha de relatores — prerrogativa exclusiva da presidência.
Ao final, segundo os relatos obtidos pela coluna, o trio deixou o restaurante satisfeito com o jantar, o vinho e o clima político favorável para a votação do projeto na próxima semana.



