O discurso do deputado Arthur Lira (PP-AL) durante a cerimônia de sanção da ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda, na quarta-feira, 26, gerou repercussão entre integrantes do Centrão. O ex-presidente da Câmara elogiou a articulação da ministra Gleisi Hoffmann e mencionou a possibilidade de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva concorrer a um novo mandato, gesto interpretado como sinal de aproximação política.

A fala ocorreu diante de lideranças do governo e do Congresso e foi interpretada por setores do PP, partido comandado por Ciro Nogueira, como uma sinalização estratégica. A avaliação interna é de que a manifestação de Lira pode ter sido direcionada à presença do senador Renan Calheiros (MDB-AL), seu adversário histórico em Alagoas e potencial concorrente na disputa ao Senado em 2026.

Apesar da repercussão, dirigentes do PP orientaram a bancada a evitar declarações públicas que indiquem alinhamento com o governo federal. A recomendação, no entanto, não altera a posição de Lira, que mantém margem de autonomia dentro da sigla por sua influência política.

O episódio também reacendeu debates sobre a atual condução da Câmara. A ausência do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), no evento foi notada por integrantes do bloco, que interpretaram o espaço ocupado por Lira como sinal de fragilidade na articulação institucional. Para parlamentares do Centrão, o gesto evidenciou o protagonismo que o ex-presidente da Câmara ainda exerce e a dificuldade de Motta em consolidar liderança em temas sensíveis.