Senado
Renan Calheiros reforça cobrança sobre Campos Neto após caso Banco Master
Senador retoma questionamentos sobre a atuação do ex-presidente do Banco Central
O ex-presidente do Banco Central Roberto Campos Neto voltou ao centro das articulações políticas em Brasília após o colapso do Banco Master, que acumula um rombo estimado em até R$ 12 bilhões. E, entre os críticos mais incisivos, um nome tem se destacado: o senador Renan Calheiros (MDB-AL), aliado direto do governo Lula e protagonista das ofensivas no Senado contra o economista.
A crise no Master reacendeu questionamentos sobre a atuação de Campos Neto à frente do Banco Central e abriu espaço para uma nova disputa entre setores do sistema financeiro, governo e oposição. O ex-presidente do BC hoje ocupa a vice-presidência do Nubank, maior fintech do país, e mantém forte influência no setor – alvo do projeto do governo de vincular operações digitais ao financiamento do crime organizado.
A ofensiva mais dura veio em 15 de novembro, durante sessão da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Renan afirmou que Campos Neto “pagou R$ 300 mil para se livrar das responsabilidades de um esquema de fraude”, numa referência direta ao escândalo do Master. A declaração, repercutida, buscou conectar o ex-chefe do BC ao ambiente de irregularidades que levou à liquidação da instituição.
O contexto, porém, é mais complexo: a multa citada por Renan corresponde a um acordo firmado em investigação sobre operações de câmbio do Santander entre 2015 e 2017. Ainda assim, a fala do senador funcionou como ponto de inflexão no debate, dando combustível ao movimento governista para desgastar Campos Neto – considerado um dos nomes mais fortes da direita para 2026 e aliado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Além da crítica pública, Renan é autor do projeto que aumenta a taxação das fintechs, setor diretamente conectado à trajetória recente de Campos Neto. O relator da proposta é outro emedebista alinhado ao governo, Eduardo Braga (MDB-AM). A medida eleva a CSLL de 9% para 12% em 2026 e, depois, para 15% em 2028; as grandes fintechs, atualmente tributadas em 15%, passariam a pagar 17,5% e 20% nos mesmos prazos.
O projeto é tratado pelo ministro Fernando Haddad como pilar da “justiça tributária” e reforça uma diretriz clara: aumentar a arrecadação e reposicionar o setor financeiro digital sob maior vigilância. Nos bastidores, Renan tem articulado para que essa pauta seja retomada em 2026, já que o governo enfrenta resistência para avançar simultaneamente com a indicação de Jorge Messias ao STF.



