O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), protagonizou uma cena simbólica no Palácio do Planalto durante a sanção do projeto que isenta do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil. Relator da proposta, Lira fez um discurso longo, adotou tom conciliador com o governo Lula e chegou a enviar um “abraço especial” à ministra Gleisi Hoffmann, além de mencionar a possibilidade de um quarto mandato do presidente. O gesto, incomum para um aliado historicamente desconfiado pelo PT, terminou com aplausos.

A movimentação ocorre no momento em que os atuais presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), enfrentam desgaste com o Planalto — ambos, inclusive, faltaram ao evento. Para interlocutores governistas, a presença de Lira soou como um recado: ele pode reassumir protagonismo na articulação política, oferecendo um canal de diálogo em meio à crise.

A reaproximação fortalece o ex-chefe da Câmara às vésperas de sua tentativa de migrar para o Senado em 2026, quando deve enfrentar seu principal rival em Alagoas, Renan Calheiros (MDB). A disputa pelo controle do Congresso também entrou no radar. Pessoas próximas a Alcolumbre identificaram em Lira a intenção de disputar a presidência do Senado caso seja eleito, o que ameaça seus planos de reeleição ao comando da Casa em 2027.

Segundo a revista Veja, além das tensões no Senado, movimentos recentes de Lira foram lidos na Câmara como uma tentativa de fazer sombra a Hugo Motta. Durante o motim da oposição que paralisou o plenário, Lira foi acionado para intermediar a crise, enquanto o atual presidente enfrentava dificuldades até para ocupar a própria cadeira.  Há rumores — negados por Lira — de que ele poderia desistir da candidatura ao Senado e continuar na Câmara mirando um retorno ao comando da Casa, o que inviabilizaria o projeto de reeleição de Motta. 

O ex-presidente afirma que pretende lançar o filho, Álvaro Lira, como candidato a deputado federal em 2026.