A deputada federal Heloísa Helena (Rede-RJ) tomou posse nesta terça-feira, 16, na Câmara dos Deputados, assumindo a vaga deixada por Glauber Braga (PSOL-RJ), que teve o mandato suspenso por seis meses após decisão do plenário da Casa. Em seu discurso de posse, a parlamentar adotou um tom crítico ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sinalizou que sua atuação não será alinhada ao Palácio do Planalto.

Durante a fala, Heloísa Helena relembrou episódios de sua trajetória política, incluindo o rompimento com o Partido dos Trabalhadores, do qual foi expulsa em 2003. A deputada citou a reforma da Previdência aprovada no primeiro mandato de Lula, quando ainda era senadora pelo PT, afirmando que a medida representou retirada de direitos de trabalhadores e servidores públicos. Segundo ela, parlamentares que se posicionaram contra a proposta enfrentaram constrangimentos no plenário à época.

A deputada afirmou que não fará concessões ao governo federal e mencionou projetos relacionados à exploração de terras raras e à privatização de recursos naturais como exemplos de pautas que pretende enfrentar. Heloísa Helena declarou que manterá uma postura de oposição sempre que identificar, segundo suas palavras, “traições de classe”.

No discurso, a parlamentar também saiu em defesa de Glauber Braga, classificando a suspensão do mandato como uma punição motivada pelo enfrentamento do deputado ao sistema político. Para ela, a decisão reflete um ambiente de intolerância a posições críticas dentro do Legislativo. Eleita senadora em 1998, Heloísa Helena exerceu mandato até 2007. Após deixar o PT, participou da fundação do PSOL e foi candidata à Presidência da República em 2006, terminando a disputa em terceiro lugar. Atualmente, é filiada à Rede Sustentabilidade.

A posse ocorre em meio a disputas internas na Rede, partido que integra uma federação com o PSOL. Rompidas desde 2022, Heloísa Helena e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, representam correntes distintas dentro da legenda. As divergências envolvem tanto diferenças programáticas quanto a relação com o governo federal.

Enquanto Marina Silva integra a gestão Lula e se identifica como “sustentabilista”, Heloísa Helena se posiciona como oposição ao Planalto e defende o ecossocialismo, corrente que associa a preservação ambiental à transformação do sistema econômico. A disputa pelo comando nacional do partido, vencida por Heloísa, aprofundou a divisão interna, que permanece como um dos principais desafios da sigla.