Houthis do Iêmen: 'A política dos EUA em relação aos regimes árabes sempre foi de chantagem'

O líder do movimento Ansar Allah, Abdul-Malik al-Houthi, criticou nesta quinta-feira (15) a visita do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos reinos árabes. Segundo ele, o único objetivo do encontro é comprar a lealdade dos países em troca de grandes quantias de dinheiro.
Em sua primeira viagem internacional desde o início do mandato, o presidente norte-americano realiza encontros nos Emirados Árabes Unidos para fechar diversos acordos comerciais. Nos últimos dias, já garantiu investimentos milionários da Arábia Saudita e do Catar no país. O empresário Elon Musk também integra a comitiva.
Nesse contexto, o líder dos houthis criticou a "grande influência" exercida por Washington e seus aliados israelenses sobre os países árabes, e afirmou que esse vínculo existe apenas por conveniência econômica de todas as partes.
"A política dos EUA em relação a esta região e aos regimes árabes sempre foi de chantagem, e não os trata com o menor respeito [...]. O infiel Trump visitou alguns países da região esta semana. O objetivo é claro: financeiro, para obter dinheiro, e também político", afirmou Abdul-Malik al-Houthi em um discurso transmitido pela televisão iemenita.
Embora Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes Unidos tenham manifestado solidariedade ao povo palestino, além de reconhecer o Estado da Palestina e ter tensões diplomáticas com Israel, os países também mantêm negócios importantes com o governo dos Estados Unidos e empresas norte-americanas.
Diante disso, o Ansar Allah tem criticado repetidamente a "dupla face" dos reinos árabes no conflito promovido por Israel na Faixa de Gaza, que tem entre os principais apoiadores os Estados Unidos. "Os israelenses são cúmplices de tudo o que os norte-americanos obtêm”, declarou a liderança houthi.
Além disso, o líder afirmou que a Casa Branca obtém "trilhões de dólares dos regimes árabes" e criticou o fato de os Estados Unidos sempre apresentarem o Oriente Médio como uma região composta por governos instáveis.
No início do mês, os houthis e a gestão Trump acordaram um cessar-fogo, mas o acordo não inclui Israel. Dias depois, as autoridades israelenses informaram sobre o disparo de mísseis pelo grupo islamista contra vários alvos em território israelense.
Por Sputinik Brasil