Cientistas capturam pela 1ª vez fluxos de plasma e 'chuva' na atmosfera externa do Sol

Com um novo sistema de óptica adaptativa, cientistas capturaram as imagens mais nítidas já vistas da coroa solar, revelando fenômenos inéditos como a chuva coronal e fluxos de plasma em alta velocidade, abrindo caminho para uma nova era na astronomia solar.
De acordo com uma nova pesquisa publicada na revista Nature, cientistas conseguiram observar a coroa solar com uma clareza inédita graças ao sistema de óptica adaptativa Cona, instalado no Telescópio Solar Goode, na Califórnia. Essa tecnologia permitiu superar a distorção causada pela atmosfera terrestre, revelando detalhes impressionantes da camada externa do Sol.
A coroa solar, visível apenas durante eclipses totais, sempre intrigou os cientistas por suas temperaturas extremas e fenômenos dinâmicos. Com o novo sistema, foi possível registrar imagens detalhadas de estruturas como a chuva coronal e proeminências solares, antes ocultas pela turbulência atmosférica.
Entre os destaques está a imagem mais nítida já feita da chuva coronal — filamentos de plasma resfriado que retornam à superfície solar seguindo as linhas do campo magnético, em vez de cair em linha reta como a chuva na Terra.
Outra descoberta inédita foi a observação de um "plasmoide", um fluxo de plasma finamente estruturado que se forma e colapsa rapidamente. O vídeo em time-lapse mostra esse fenômeno se movendo a quase 100 km/s, algo nunca registrado antes.
As imagens também revelaram uma proeminência solar em rápida reconstrução, contorcendo-se em resposta ao campo magnético solar. Essas estruturas são compostas por plasma quente e se estendem da fotosfera até a coroa, embora sua formação ainda seja um mistério.
A superfície do Sol, com aparência "fofa", é resultado de espículas — jatos de plasma de curta duração cuja origem ainda é debatida. As novas imagens ajudam a entender melhor esses fenômenos e sua relação com o comportamento da coroa.
Com resolução de até 63 quilômetros, o sistema Cona permite estudar a estrutura e o movimento do plasma em escala fina, aproximando os cientistas de resolver um dos maiores enigmas solares: por que a coroa é milhões de graus mais quente que a superfície do Sol?
Os cientistas planejam aplicar essa tecnologia em telescópios ainda maiores, como o Daniel K. Inouye, no Havaí, prometendo avanços significativos na compreensão do Sol e do clima espacial.
Por Sputinik Brasil