O sonho de Bittencourt

O desejo incontido do desembargador Fábio Bittencourt de ser presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas pode virar sonho de uma noite de verão. No seu mundo de fantasia, o magistrado esqueceu as lambanças praticadas durante o período em que comandou a Corregedoria-Geral de Justiça do TJ e os embates com seus próprios colegas de toga.

Praticamente alijado do convívio de boa parte dos demais desembargadores, Fábio Bittencourt não se faz de rogado e já está em campanha pela presidência do tribunal, mesmo faltando quase um ano para a escolha do novo presidente. Difícil vai ser conseguir o apoio de seus pares, muitos deles indignados com atos indecorosos praticados em nome da toga.

Além do tumultuado relacionamento com seus colegas desembargadores, Bittencourt enfrenta um processo no Conselho Nacional de Justiça em que é acusado de troca de favores, manipulação de cargos e decisões judiciais.
As denúncias são graves e envolvem o caso de um jet ski que virou notícia nacional e se transformou em ação judicial contra o desembargador e um juiz cooptado para fraudar uma sentença.

O processo está pautado para ser julgado na terça-feira, 5 de março, pelos conselheiros dos CNJ. No Tribunal de Justiça boa parte de seus colegas torcem pela condenação de Bittencourt, o que inviabilizará sua candidatura a presidente do órgão.

Mesmo sendo absolvido nesse processo escabroso, Fábio Bittencourt ainda precisará do apoio do ministro Humberto Martins, do STJ, que manda e desmanda no Judiciário alagoano. Com raras e honrosas exceções, os desembargadores alagoanos são subjugados aos desejos e vontades de Humberto Martins, que exerce seus poderes no TJ sem qualquer cerimônia, pronto para usar a espada de Dâmocles contra quem desafiar suas ordens.