Judiciário na berlinda
O sistema judiciário de Alagoas continua nas manchetes nacionais pelo envolvimento de juízes e desembargadores em escândalos de corrupção passiva, tráfico de influência, nepotismo e outros atos que denigrem o Poder e enlameiam os togados.
Primeiro foi o concurso dos cartórios, adiado várias vezes por interesse de desembargadores que têm parentes e aderentes em muitas dessas serventias extrajudiciais e não desejam abrir mão da sinecura. Último estado a realizar o concurso, Alagoas ainda não conhece o resultado do certame nem os novos titulares desses cartórios, ainda ocupados por interinos indicados por magistrado.
Vale lembrar que o concurso dos cartórios foi coordenado por um desembargador de São Paulo porque a maioria dos membros do Tribunal de Justiça de Alagoas se julgou suspeita para a tarefa, já que todos têm parentes atuando nas serventias.
Mais recentemente, a bilionária ação de falência do Grupo João Lyra tomou ares de escândalo quando a maioria dos desembargadores do TJ se julgou suspeita para atuar em ações ligadas à massa fali- da, o que levaria o caso para o STF. Com a repercussão, o tribunal voltou atrás e decidiu julgar os recursos em Alagoas.
Agora, o mesmo processo de falência, que tramita há 10 anos e já soma 220 mil páginas, vira escândalo nacional com a divulgação de um áudio em que empresários denunciam o envolvimento de desembargadores, promotores de Justiça e do administrador judicial na divisão do butim. “Todos comem por fora”, disse um dos acusadores, sem dar nome aos bois.
A denúncia é grave e deve ser investigada pelo Ministério Público do Estado e pela Corregedoria-Geral de Justiça de Alagoas, sob pena de sujar ainda mais a imagem do estado e das próprias instituições.
Na verdade, as denúncias de corrupção na gestão da Massa Falida da Laginha são antigas e constam do autos do processo, mas nem o Tribunal de Justiça nem o Ministério Público se pronunciaram até agora, alegando estar o caso em segredo de Justiça. É por debaixo dos panos que os escândalos acontecem e ficam por isso mesmo.