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Ninho de cobras

08/10/2024 - 10:30

ACESSIBILIDADE


O desembargador Paulo Barros Lima acaba de receber o reconhecimento da Procuradoria-Geral da República pela lisura de seus 45 anos de judicatura. Não é uma homenagem à data, mas um libelo em defesa do magistrado, vítima da ambição de seus próprios colegas de toga.

Investigado no CNJ por uso de licenças médicas, ineficiência de gestão e morosidade no julgamento processual, Paulo Lima tem a seu favor toda uma vida limpa como magistrado que nunca respondeu a processo disciplinar. É um juiz que honra a toga, diferente de seus adversários que fazem da judicatura um negócio de família.

O processo contra o desembargador esconde, na verdade, interesses escusos que o tiraram da disputa pela presidência do Tribunal de Justiça de Alagoas nas duas últimas eleições em que o magistrado era o nome da vez. Eleito presidente, Paulo Lima jamais aceitaria manter o TJAL refém de vilões togados de cortes superiores nem os conchavos internos que transformaram o tribunal em grande Vara de Família.

Há muito o TJAL perdeu o respeito às suas atribuições constitucionais ao submeter-se a interesses escusos de ministros do STJ e do STF em troca de favores nada republicanos. A última escolha da cúpula do TJ reflete essa situação, no mínimo escatológica, para ficar no jargão jurídico.

O processo engendrado contra o desembargador Paulo Lima é parte de uma rede de interesses que vão além do bom senso e da moralidade no serviço público. Atende a negócios estranhos à magistratura e insere-se na essência do Ninho de Cobras descrito no livro do premiado escritor alagoano Lêdo Ivo.


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