ELEIÇÕES
Futuro de Bolsonaro racha PL e conservadores em Alagoas
JHC continua liberal-mor, sem ex-presidente por perto, diferente de Gaspar e Costa
A iminente prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro rachou o PL e os conservadores em Alagoas. De um lado, a principal liderança liberal, o prefeito de Maceió, JHC, que se mantém distante de Bolsonaro, próximo aos conservadores, além de não ter participado do ato na Avenida Paulista em 25/02, quando o ex-presidente defendeu anistia aos criminosos que destruíram prédios públicos em Brasília para forçar um golpe de Estado.
No círculo do prefeito, porém, os deputados federais Alfredo Gaspar de Mendonça (União Brasil) e Fábio Costa (PP), o estadual Cabo Bebeto (PL) e o vereador Leonardo Dias (PL) engrossavam o coro, cada um a seu modo e jeitos de balançarem as bandeiras na Paulista, de demonstração pública tanto de força quanto arregimentação de aliados por Bolsonaro.
Jota é responsável administrativo e financeiro do PL alagoano, além de presidente do partido. A vice-presidente é sua mãe, Eudócia, suplente de senadora, definidos pela legenda em 11 de fevereiro, segundo certidão de composição partidária pendurada no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e consultada esta semana pelo EXTRA.
É visível que o prefeito mantém distância das polêmicas envolvendo Bolsonaro. Aliás, quando o ex-presidente veio a Alagoas no final do ano, Jota não foi recebê-lo pessoalmente no aeroporto internacional Zumbi dos Palmares. Eudócia apareceu. O recado do prefeito: quer os bolsonaristas por perto, mas sem Bolsonaro.
Ao subir no muro, Jota também impede que o PL se espalhe pelo estado e atrapalha os próprios planos de disputar o governo. E como não existem espaços vazios na política, o senador Renan Calheiros (MDB) e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), permanecem como protagonistas do teatro político-eleitoral principalmente no interior.
Os números falam por si. O PL tem 8.560 filiados; o MDB, 18.033; o PP, 17.993.
Nenhum dos partidos que orbita na galáxia jotista tem mais peso que as legendas formando o universo do calheirismo. Talvez o PSDB, mesmo assim com 12.132 filiados, bem distante do MDB e PP e também atingido pela desarticulação nacional dos tucanos, hoje engrossando o exército do bolsonarismo. Ou quem sabe o Podemos, do senador Rodrigo Cunha, no topo da lista dos aliados do prefeito, mesmo assim bem distante no número de filiados entre Calheiros e Lira: 11.230.
Ou o União Brasil, onde quem manda é Arthur Lira, ou melhor, seu assessor Luciano Cavalcante, alvo da Operação Hefesto, da Polícia Federal, que investigou superfaturamento de equipamentos de robótica para escolas públicas em Alagoas. Operação que recolheu provas depois invalidadas por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Os números dos partidos devem mudar nas próximas semanas por causa da janela escancarada permitindo aos vereadores mudarem de sigla. E como Jota nem fez muito menos faz campanha explícita por mais gente no PL, é previsível que MDB e PP sejam os mais favorecidos pelo troca-troca ideológico dos edis. Ou quem sabe o PSB, siglasatélite do Palácio República dos Palmares e encabeçado pela filha do governador, Paula Dantas. São 12.885 filiados.
Há também o PDT, com 9.119 filiados. Partido do vice-governador Ronaldo Lessa que aguarda assumir a vaga de Paulo Dantas se ele disputar vaga de deputado federal em 2026 ou senador. Em qualquer dos casos, terá de renunciar seis meses antes das eleições. Assim, Lessa ficaria responsável por “fechar” as contas da administração e ajudar a eleger o sucessor do chefe do Executivo.
O PT tem 9.922 filiados e conta com o advogado Ricardo Barbosa na disputa pela Prefeitura de Maceió, fazendo oposição a Jota. Fato maior: o prefeito precisa tomar emprestado as luzes que iluminam o lirismo para se embrenhar no interior como possível candidato ao governo, mas para isso chegando com folga à reeleição. Mesmo essa folga não lhe garante gordura eleitoral.
Em 2008 Cícero Almeida foi reeleito prefeito de Maceió com mais de 80% dos votos. Teoricamente, era um candidato forte para disputar o governo do Estado dois anos depois. Foi derrotado antes, na escolha das oligarquias locais que se dividiu entre Teotonio Vilela Filho (disputou a reeleição e venceu), Ronaldo Lessa e Fernando Collor.