Conteúdo do impresso Edição 1263

REI PELÉ

CRB e ASA são investigados por superlotação em jogo da final do Alagoano

Mandante da partida, o Galo colocou 75% de torcedores a mais do que o permitido para o estádio
Por BRUNO FERNANDES 27/04/2024 - 05:00

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fotos entregues pela PM que confirmam o excesso de torcedores
fotos entregues pela PM que confirmam o excesso de torcedores

CRB e ASA estão sendo investigados pelo Ministério Público Estadual de Alagoas pela superlotação ocorrida no segundo jogo da final do Campeonato Alagoano, disputado no dia 6 de abril, no Estádio Rei Pelé. A partida vencida por 3 a 1 pelo Galo o tornou campeão do torneio.

A 1ª Promotoria de Justiça da Capital, responsável pela Defesa do Consumidor, e a 37ª Promotoria de Justiça da Capital, voltada para a Defesa do Torcedor, tomaram essa medida diante das notícias de que o estádio recebeu um público muito acima de sua capacidade durante a partida.

Segundo a Polícia Militar de Alagoas, com base em dados obtidos pela empresa Pac Safe, o estádio registrou um público total de 25.860 torcedores no jogo, o que ultrapassa significativamente a capacidade máxima estabelecida pelo laudo de Prevenção e Combate a Incêndio e Pânico do Corpo de Bombeiros de Alagoas, que é de 14.626 pessoas, sendo que a PM havia estipulado em 14 mil o máximo de torcedores.

“No dia da final do Campeonato Alagoano de Futebol de 2024, em 06/04/2024, estavam abertos cinco portões do Estádio Rei Pelé, os quais foram monitorados por sete câmeras de reconhecimento facial, tendo sido contabilizadas a detecção de cerca de 25.860 mil faces. Sobre as câmeras de reconhecimento facial utilizadas pela PACSAFE no Estádio Rei Pelé, elas possuem a capacidade de reconhecer 21 faces simultaneamente por segundo, fornecendo esses dados brutos para um software que, programado para as necessidades do tipo de monitoramento realizado, fará os tratamentos necessários”, informou a empresa.

Segundo o Ministério Público Estadual, o fato vai de encontro às recomendações prévias do próprio órgão e do Comando de Policiamento da Região Metropolitana, bem como às disposições da Lei Geral do Esporte.

Além disso, o borderô da partida, de responsabilidade da Federação Alagoana de Futebol (FAF), apresenta divergências em relação aos dados da Polícia Militar e dos Bombeiros. Enquanto o relatório da federação aponta 17.283 pessoas presentes no jogo, o relatório da PM indica a presença de 25.860 torcedores.

O Ministério Público determinou a instauração imediata do procedimento preparatório, visando futuras providências na defesa dos interesses difusos e coletivos envolvidos, enquanto o Corpo de Bombeiros emitiu recomendações como: “abertura mais acessos para os torcedores em dias de lotação acima de 90% da capacidade, pois a falta de acesso provoca pequenos tumultos no setor externo do estádio”.

A corporação também informou que é necessária uma reforma da rampa 4 para saída dos torcedores visitantes em dias de jogos, pois a rampa apresenta rachaduras e necessita de uma iluminação adequada para que os torcedores possam sair em segurança. A estrutura é de responsabilidade da Secretaria do Esporte, Lazer e Juventude (Selaj).

O EXTRA procurou as equipes e, em rápido esclarecimento, a assessoria do ASA informou que não tomou conhecimento do procedimento até o momento e reafirmou que os detalhes de público presente são de responsabilidade do CRB, mandante do jogo. A equipe regatiana, por sua vez, não respondeu às tentativas de contato.

Apesar das recomendações, a capacidade total de público do Estádio Rei Pelé continua sendo um grande mistério. Quando foi inaugurado em 25 de outubro de 1970, tinha como administração a Fape (Fundação Alagoana de Promoções Esportivas), que informou à época que cem mil pessoas foram assistir Seleção Alagoana 0 x 5 Santos.

Na semana seguinte, Cruzeiro x Botafogo, jogaram para 63 mil pessoas, mas o tempo passou e a capacidade de público do Estádio Rei Pelé sempre permaneceu uma incógnita completa. Só houve uma única vez que foi montada uma comissão para avaliar a capacidade do estádio, em 1976, quando chegaram à conclusão de que cabiam em torno de 42 mil lugares.

Durante a partida entre Brasil x Irlanda, em 1981, quase 39 mil pessoas assistiram ao jogo, mas as transformações e encolhimento do estádio começaram no Governo Geraldo Bulhões, após uma reforma que estabeleceu uma nova capacidade de público para pouco mais de 25 mil lugares. Depois veio em nova reforma, com Téo Vilela, retiraram as cadeirinhas, colocando umas maiores, mas não em todo estádio.

A capacidade do estádio diminuiu também durante o governo de Renan Filho, quando a praça esportiva passou a ser administrada pela Selaj, criada para administrar o Rei Pelé, reduzindo a capacidade de público para pouco mais de 15 mil pessoas. Hoje a capacidade total é definida por laudos pontuais do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar.


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