Conteúdo do impresso Edição 1269

ELEIÇÕES

JHC decide vice e constrói caminho ao governo ou Senado

Prefeito descarta Davi Davino e escolhe Rodrigo Cunha
Por ODILON RIOS 08/06/2024 - 05:00

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JHC e Arthur Lira, parceria ameaçada?
JHC e Arthur Lira, parceria ameaçada?

Ao abrir mão de indicar o vice-prefeito de JHC (PL), o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), adia, ao menos por enquanto, uma investida mais dura para neutralizar o crescimento político-eleitoral do aliado que, aos poucos, vai construindo um caminho independente para chegar ao governo ou – o que é pior ao deputado federal: alcançar uma das duas vagas ao Senado.

Lira já fechou acordo com os prefeitos em busca do segundo voto ao Senado e o primeiro está combinado, há tempos, para a reeleição de Renan Calheiros (MDB). Não que exista uma dobradinha Calheiros x Lira, mas tanto Lira quanto Renan acordaram que a faca no pescoço dos gestores não atrai vantagens. Seguem, portanto, como inimigos cordiais, trocando aqui ou ali algumas rusgas, sem revelar os segredos um do outro.

É fato que Lira e Renan são os padrinhos da maioria dos prefeitos. E os gestores municipais é que arregimentam a massa dos cabos eleitorais: vereadores, lideranças, transporte de eleitores, indicações de trabalho em cargos comissionados espalhados pelos municípios. Daí... Entre os profissionais do ramo, JHC só precisa de 550 mil votos ao Senado, facilmente conseguidos em Maceió ou região metropolitana. Segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), a capital possui 627.485 eleitores (26,9%). Levantamentos diários mostram que o prefeito tem ótima popularidade. Mas esse capital político-eleitoral dura até 2026? Até lá surge uma nova liderança? Eis a questão.

Já uma eleição ao governo é cara e depende de lideranças no interior. Arthur Lira seria esta liderança, ao menos por enquanto e depende muito da reação dele com o fracasso das negociações na indicação do vice de Jota. Lira já acumula 60% do orçamento municipal, através de secretarias estratégicas como Saúde, Educação e Assistência Social. Mas a popularidade em Maceió é um revés ao parlamentar: foi vaiado durante inauguração de conjunto habitacional na orla lagunar, mesmo ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Hoje, ele tem mais interesse em colocar JHC nesse contexto extremamente difícil: a disputa ao governo. Porque o Palácio República dos Palmares já conta com o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), se ele quiser manter a influência do calheirismo que este ano completa 10 anos à frente do Executivo estadual. Para retirar possibilidades de JHC, Arthur Lira insistirá no deputado federal Alfredo Gaspar de Mendonça (União Brasil) como segundo voto ao Senado. Ele topa trocar uma futura reeleição quase certa pela duvidosa cadeira de senador? Eis (também) a questão.

FORA 

Está descartado, portanto, o ex-deputado estadual Davi Davino Filho como o nome do PP a vice-prefeito. À coluna Radar, da revista Veja, no dia 22 de maio, Lira disse que o partido indicaria o vice de Jota. E o nome mais forte era o de Davi Davino. Treze dias depois, JHC disse ao presidente da Câmara que o senador Rodrigo Cunha (Podemos) será seu vice. São decisões tomadas “de boca”. Porque valerá mesmo o que estiver escrito nas atas das convenções eleitorais, marcadas para julho. No meio do caminho estão as festas juninas; as obras de revitalização do Riacho Salgadinho prometendo sanear, no verão, a Praia da Avenida, mas existe um embate na Justiça Federal com o governo do Estado envolvendo licenças ambientais e capacidade do emissário submarino suportar a vazão de esgoto tratado para o mar e; o efeito Rafael Brito, já que o deputado federal e presidente do MDB Maceió deve crescer nas pesquisas por ser o candidato único do calheirismo. Hoje ele é presença obrigatória na agenda oficial do governador Paulo Dantas (MDB).

Também o jogo jogado pelo prefeito abre, num futuro próximo, a vaga para a primeira suplente Eudócia Caldas (PL) assumir a titularidade em Brasília. Enquanto isso, João Caldas (PL) – marido de Eudócia e pai de JHC – disputa a Prefeitura de Colônia de Leopoldina, liderada pelo grupo do prefeito Manuílson Andrade (MDB), aliado do governador Paulo Dantas. Um teste para as eleições de 2026, onde JC pode disputar uma das nove vagas da Câmara Federal.


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