Conteúdo do impresso Edição 1290

CÂNCER DE MAMA

Doença matou mais de 2 mil alagoanas em 10 anos

Incidência do tumor maligno por 100 mil mulheres, a cada ano e até 2025 é de 690 casos
Por MARIA SALÉSIA 02/11/2024 - 09:22

ACESSIBILIDADE

Divulgação
Mês de outubro é de combate ao câncer de mama
Mês de outubro é de combate ao câncer de mama

Em 10 anos, o câncer de mama matou 2.052 mulheres em Alagoas. Houve um aumento de óbito de 63,9% entre 2013 a 2023. Os dados tabulados pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) em 9 de outubro de 2024 estão sujeitos a revisão e apontam que no estado, em 2023, a taxa de mortalidade pela doença foi quase o dobro do que foi observado em 2013, passando de 4,5/100 habitantes para 7,4/100 habitantes. Já as taxas de incidência por neoplasia maligna de mama por 100 mil mulheres, estimadas para cada ano no triênio de 2023-2025, são de 690 casos no território alagoano.

A maior incidência da doença é entre o sexo feminino. No mesmo período, a frequência de morte por câncer de mama (2013-2023) de homens foi de 36 óbitos. A maior prevalência de óbitos por câncer de mama foi entre as mulheres com idade de 50-59 anos. Já os maiores aumentos ocorreram nas faixas etárias de 80+ (60,3%) e de 60 a 69 (21,9%). No entanto, a faixa etária prematura (30-69 anos) apresenta uma prevalência expressiva de 73,1% do total entre 2013 a 2023. 

Dados do Instituto Nacional de Câncer revelam que a taxa de incidência por tumor maligno de mama por 100 mil mulheres estimada para cada ano de 2023 a 2024, no Brasil, é de 73.610 casos, sendo a taxa bruta de 66,5 e a taxa ajustada (pela população mundial padrão) de 41,9. A Região Nordeste tem estimativa de 15.690 casos, com 52,2 taxa bruta e 42,1 de taxa ajustada.

Segundo a oncologista clínica e coordenadora da oncologia do Governo de Alagoas, Rafaella Britto Toledo, o aumento dos casos de câncer de mama em mulheres abaixo de 40 anos pode ser explicado por vários fatores: a genética, pois algumas mulheres têm predisposição genética, como mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, que aumentam o risco de câncer em idades jovens; estilo de vida, pois hábitos como sedentarismo, dieta pouco saudável, aumento do consumo de álcool e obesidade podem contribuir para o desenvolvimento da doença; e, exposição a hormônios. É que o uso de contraceptivos hormonais e terapias de reposição hormonal pode estar associado a um maior risco, especialmente em mulheres com histórico familiar. 

Outro fator importante é a detecção precoce. O avanço na tecnologia de diagnóstico e maior conscientização sobre a importância do rastreamento podem levar a mais diagnósticos em idades mais jovens, fazendo parecer que a incidência está aumentando. Tem, ainda, a gravidez e fertilidade. A tendência de ter filhos mais tarde ou não ter filhos pode aumentar o risco de câncer de mama. 

Segundo a especialista, o câncer de mama em pacientes jovens pode ser mais agressivo devido à biologia tumoral, ou seja, tumores em mulheres mais jovens tendem a ter características biológicas diferentes, como maior grau de agressividade, crescimento mais rápido e maior probabilidade de metástases e a genética.

PREVENÇÃO E ESTRATÉGIAS

A prevenção do câncer de mama em pacientes mais jovens envolve várias estratégias que podem ajudar a reduzir o risco. A oncologista apresenta algumas dicas como a prática de atividade física regular, que ajuda a manter o peso e pode reduzir o risco de câncer de mama. 

Recomenda-se pelo menos 150 minutos de exercício moderado por semana. A alimentação saudável também é fundamental. Uma dieta rica em frutas, vegetais, grãos integrais e proteínas magras pode ajudar na prevenção. Limitar o consumo de álcool e alimentos processados também é importante. 

O tabaco também deve ser evitado. Seu uso está associado a vários tipos de câncer, incluindo o de mama. Parar de fumar ou nunca começar é uma das melhores maneiras de reduzir o risco. Realizar autoexames regulares e, quando recomendado, realizar mamografias pode ajudar na detecção precoce. Embora as mamografias sejam mais indicadas em idades mais avançadas, é importante discutir com um médico quando iniciar o monitoramento. 

Outra dica importante é que, se houver histórico familiar de câncer de mama, considerar testes genéticos e discutir opções de monitoramento e prevenção precoce. Para aquelas que têm filhos, a amamentação pode ajudar a reduzir o risco de câncer de mama.

RASTREIO A PARTIR DOS 40 ANOS

A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) recomenda o rastreio do câncer de mama através da mamografia a partir dos 40 anos, anualmente. Para aquelas com histórico familiar de câncer de mama ou outros fatores de risco, o rastreio pode ser iniciado antes, através da ultrassonografia das mamas ou ressonância das mamas. 

De acordo com o Inca, o câncer de mama é o tipo de câncer mais frequente em mulheres após o câncer de pele não melanoma. Para o Brasil, foram estimados 73,6 mil novos casos em 2024, com um risco de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres.


Encontrou algum erro? Entre em contato