JOGO DO PODER
Antes favorito, Isnaldo Bulhões agora tenta selar ‘amizade’ com candidato de Lira
Paraibano Hugo Motta é o nome escolhido pelo Centrão para suceder alagoano na CâmaraO deputado federal Isnaldo Bulhões (MDB-AL) “bateu o martelo” e decidiu mudar de vez sua estratégia política após uma campanha quase inexistente para suceder Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara dos Deputados. O movimento foi visto como uma ação sensata, visando fortalecer sua posição no cenário político nacional.
Nos últimos dias, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), provável futuro presidente da Câmara Federal, esteve em Alagoas e teve encontros com figuras-chave como o governador Paulo Dantas (MDB), além de seus colegas no Congresso Nacional Isnaldo Bulhões e Arthur Lira.
Em entrevista, Bulhões destacou seu compromisso com o diálogo e a busca por consenso ao explicar o apoio a Motta como candidato à presidência da Câmara. “Durante todo esse período, alguns nomes foram cogitados, incluindo o meu, o que me honra. No entanto, buscamos sempre um consenso no processo democrático”, afirmou o parlamentar alagoano, enfatizando que Hugo Motta surgiu como uma alternativa equilibrada em meio ao impasse nas discussões, representando afinidade com as pautas do bloco.
Vale destacar que, enquanto Bulhões mantém uma relação política amigável com Lira, Motta, o provável próximo presidente da Câmara, já pode ser considerado um “amigo-irmão” no estilo de sua relação com os Calheiros.
Motta e Bulhões têm uma relação política e pessoal próxima, o que alguns chamariam de amizade — uma raridade no meio político. O fato é que Bulhões terá um aliado próximo no comando da Câmara a partir de 2025.
O EXTRA já havia destacado Bulhões como um dos favoritos para suceder Lira na presidência da Câmara. No entanto, a concorrência com nomes fortes acabou diminuindo suas chances, apesar de ser líder do MDB na Casa.
A liderança do MDB na Câmara foi uma conquista pessoal de Bulhões, com o apoio crucial do senador Renan Calheiros. Contudo, o embate constante entre Calheiros e Lira complicou os planos de Bulhões.
Lira chegou a cogitar o baiano Elmar Nascimento, líder do União Brasil na Câmara, como seu sucessor, relegando Bulhões a um segundo plano. Mas a aliança entre Lira e Elmar não prosperou, o que abriu caminho para uma nova dinâmica em Alagoas, na qual Lira e outro nome influente, Alfredo Gaspar (União Brasil), viraram verdadeiros inimigos. Isso se dá pelo fato de Gaspar ter sido um dos parlamentares que mais apoiava o nome de seu colega de partido para a disputa. Como isso não aconteceu, ele agora tenta a presidência da sigla no estado para, assim, ter mais influência política em Brasília.
Lira, inicialmente, avaliou que Bulhões seria o representante de Calheiros na Câmara, uma visão desfavorável para seu grupo, que não vê com bons olhos a proximidade do deputado com o Governo Lula nos últimos dois anos. Não se trata de uma questão moral, mas sim de um confronto entre grupos políticos em busca de poder.
Dados da ferramenta Placar Congresso de 2023 (ainda sem atualização para 2024) mostram que, apesar de sua sólida relação com o Governo Lula, Bulhões chegou a enfrentar desafios de outros candidatos, como Antônio Brito (PSD-BA), Elmar Nascimento e Marcos Pereira (Republicanos-ES) — seus até então concorrentes diretos.
Bulhões entregou 89,5% dos seus votos ao Governo Lula, alinhando-se com os projetos do presidente petista em 38 votações. Entretanto, Antônio Brito, líder do PSD, teve um índice superior, com 94,9% de votos a favor do Planalto, somando 39 votações. Por outro lado, Bulhões supera Elmar Nascimento, que seguiu o governo em 68,6% dos casos. Marcos Pereira, o aliado mais distante, votou com o governo em apenas 61,5% das vezes.