Conteúdo do impresso Edição 1302

JOGO DO PODER

Davi Davino e JHC negociam eleição siamesa

Proposta é ex-deputado ir ao Senado e Jota arriscar governo; pressão do grupo aumenta
Por ODILON RIOS 08/02/2025 - 06:00
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Assessoria
Davi Davino Filho e JHC: possível parceria movimenta os bastidores
Davi Davino Filho e JHC: possível parceria movimenta os bastidores

A possibilidade do ex-deputado estadual Davi Davino Filho (PP) disputar o Senado, negociando apoio ao prefeito JHC (PL) – cotado para o governo – movimenta o cenário político local, enquanto o senador Renan Calheiros (MDB) costura acordos em Brasília e Alagoas para uma reeleição sem surpresas. E mais barata, nas cifras de campanha.

Já os deputados estaduais se preparam para a eleição mais cara da história de Alagoas. Pesquisas internas mostram que Davino tem alguma chance de se eleger senador. E pode ser mais votado que o deputado federal Arthur Lira (PP), também candidato. Por isso, Davino e JHC negociam uma eleição siamesa, modelo que, no início do século, garantiu a reeleição de Renan e Téo Vilela ao Senado. Desta vez, porém, Jota e Davino querem cargos diferentes. E planejam campanha juntos.

A princípio, o ex-deputado não assume cargo na Prefeitura de Maceió, selando a aliança entre ambos. O tio de Davi, Fernando, é secretário municipal de Desenvolvimento Social, Primeira Infância e Segurança Alimentar. O grupo do prefeito crê que JHC e não seu vice Rodrigo Cunha (Podemos) é quem deve disputar o governo estadual.

Os Calheiros acreditam no contrário: Cunha será candidato porque sua imagem como gestor na infraestrutura é bastante explorada pela prefeitura. Além disso, caberá a ele inaugurar a principal e mais cara obra da gestão: o Renasce Salgadinho. Também reforça a hipótese: Jota não vai abandonar o certo pelo duvidoso. E os Calheiros agregam 90 prefeitos, 25 deputados estaduais e a maioria dos vereadores. Só que eles não têm a maioria dos votos na região metropolitana, condição alcançada por JHC e Davi Davino.

Uma fonte explica que o grupo quer JHC disputando o Palácio República dos Palmares e não o Senado. “Porque pode soar como um acordo entre os dois e isso não interessa a ninguém”. Outra fonte analisa que os Calheiros estão dispostos a negociar o que for preciso para a reeleição de Renan Calheiros. Menos entregar o governo a JHC. Uma possibilidade vai ganhando força: Arthur Lira desistir da eleição ao Senado e se lançar ao governo, com apoio do presidente Lula (PT).

É um acordo semelhante ao que Lula e Rodrigo Pacheco, ex-presidente do Senado, negociam em Minas Gerais. Pacheco deve disputar o governo. Lira encontra resistências em assumir qualquer Ministério na gestão Lula: além do próprio PP, a direção do PP avisou que, mesmo Lira como ministro, não garante apoio fechado dos progressistas à reeleição de Lula. Daí a possibilidade de disputar o governo ser a hipótese mais aceita.

JHC BUSCA NOVO PARTIDO

Uma imagem, porém, ajudou a gerar muitas especulações na última semana: João Caldas, pai de JHC, e Renan Calheiros conversando no plenário do Senado, durante a escolha de Davi Alcolumbre no comando da Casa. João Caldas acompanhava Dra. Eudócia, suplente de senadora que assumiu a titularidade após a vitória de Rodrigo Cunha na eleição com JHC.

As especulações sobre o conteúdo da conversa entre ambos aumentam, à medida que correm as discussões sobre o ocupante da futura cadeira de ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ). No páreo, Marluce Caldas, irmã de JC e tia de JHC. E o prefeito de Maceió discute sair do PL, migrando para uma legenda mais alinhada com o governo Lula.

Jota procurou o PSD no final do ano passado. A legenda fechou as portas. Ela é liderada pelo vereador Rui Palmeira. A família Dantas se apressou para encontrar a direção nacional do PSB, em Brasília, diante da possibilidade do retorno do prefeito ao ninho socialista. Não é improvável que o PT de Alagoas seja um dos possíveis destinos do prefeito. Mas a decisão pode representar ruptura de JHC com o eleitor mais conservador, que também integra a base de votos. Os conservadores são anti-Lula.

Quanto a Renan Calheiros, costura não apenas em Alagoas, mas também em Brasília todas as condições para ser reeleito senador em 2026. Garantiu a reeleição de Eduardo Braga no comando do MDB. E Braga retribuiu publicamente o agradecimento ao alagoano, que segue líder da maioria no Senado. Com a vitória de Davi Alcolumbre, Calheiros deve assumir a presidência da Comissão de Assuntos Econômicos, que também garante a escolha dos ministros do Tribunal de Contas da União, além do presidente e diretores do Banco Central. Não é pouco para quem deseja permanecer no topo do poder.


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