Conteúdo do impresso Edição 1302

XADREZ POLÍTICO

Fusão PSDB-PSD pode afetar Téo Vilela e atrapalhar planos de JHC

Prefeito buscou apoio de Gilberto Kassab para liderar a sigla no estado
Por BRUNO FERNANDES 08/02/2025 - 06:00
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Ex-governador Téo Vilela
Ex-governador Téo Vilela

O PSDB, partido que governou o Brasil sob Fernando Henrique Cardoso, enfrenta um momento crítico em sua história. Com a perda de protagonismo após a ascensão de Jair Bolsonaro (PL) e a reconfiguração da oposição ao PT, os tucanos avaliam a fusão com o PSD, liderado por Gilberto Kassab. A medida é vista como a única saída para manter relevância, mas pode significar o fim da sigla histórica.

Em Alagoas, o ex-governador Téo Vilela, um dos principais nomes do PSDB, deve perder seu cargo diretivo caso a fusão se concretize. A mudança também não seria boa para JHC (PL), visto que a sigla permaneceria sob comando do vereador Rui Palmeira, ex-tucano que já foi deputado estadual, federal e prefeito de Maceió no partido e que declarou oposição a JHC na Câmara de Maceió. Isso porque o prefeito teria procurado o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, para assumir o comando da sigla em Alagoas, mas a resposta não foi a melhor.

A articulação ocorreu no final do ano passado e envolveu interlocutores políticos ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Durante a reunião com Kassab, no entanto, foi sugerido que JHC dialogasse diretamente com o vereador Rui Palmeira, que se mostrou favorável à fusão, já que não perderá seu posto. Porém, fontes afirmam ao EXTRA que Rui Palmeira não pretende nem ao menos aceitar uma possível filiação do atual prefeito.

A possível mudança de partido por parte de JHC tem duplo objetivo: romper com o PL, partido do ex-presidente, e se aproximar do presidente Lula (PT), aproveitando a relevância do PSD, que integra a base do governo federal e ocupa ministérios importantes. Além disso, o movimento teria como pano de fundo a tentativa de influenciar a indicação de sua tia, a procuradora de Justiça Marluce Caldas, para uma das vagas de ministro no Superior Tribunal de Justiça (STJ), cujo preenchimento está previsto para fevereiro deste ano.

No cenário nacional, o PSDB vive uma crise profunda, com apenas 12 deputados federais e um senador. A bancada reduzida limita o acesso a recursos e dificulta a manutenção das atividades partidárias. Apesar da resistência de alguns líderes, como o presidente nacional Aécio Neves, a fusão com o PSD parece inevitável. O partido de Kassab, que saiu fortalecido das eleições municipais de 2024, surge como a opção mais viável.

Téo Vilela, figura emblemática do PSDB em Alagoas, reconhece a gravidade do momento. Ele afirmou: “Reconhecidamente, o PSDB está muito mal e precisa realmente, pelo menos, preencher as exigências legais para sobreviver como partido. É uma situação muito ruim...” Embora afastado das negociações, Vilela admite que a fusão pode ser a única saída para o partido.

Enquanto as lideranças nacionais avançam nas tratativas, um grupo de filiados do PSDB divulgou um manifesto contra a fusão, classificando-a como um “suicídio” dos ideais do partido. O texto ressalta a importância histórica da sigla e defende que a solução para a crise passa pela escolha de bons candidatos para as eleições de 2026. “A história do nosso partido político é pouco conhecida, mormente pelos mais jovens, no tocante à bravura revelada pelo desempenho da candidatura Mário Covas na eleição ‘solteira’ para presidente da República de 1989, a primeira eleição direta para presidente após a redemocratização e a primeira eleição do recém-fundado PSDB”, diz um trecho do manifesto publicado nesta semana.

A crise do PSDB atingiu seu ápice após as eleições municipais de 2024, quando o partido não elegeu prefeitos em nenhuma capital pela primeira vez em sua história. Fundado em 1988, a sigla que já foi uma das maiores do país agora busca sobreviver por meio de alianças. Além do PSD, o MDB também é cogitado como possível parceiro em uma fusão ou incorporação.


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