Câmara vira maior interessada em JHC para o governo do Estado

A Câmara de Vereadores da capital virou a maior interessada em eventual renúncia do prefeito JHC (PL) para ele disputar o governo do Estado. Isso porque o atual presidente do Legislativo municipal, Chico Filho (PL), seria alçado à condição de vice de Rodrigo Cunha (Podemos).

Por outro lado, Cunha assumiu a função de prefeito itinerante: vai às ruas, acompanha obras, anuncia inaugurações e, principalmente, lança nas próximas semanas uma campanha de filiação em seu partido que pode situar, de vez, a posição dele na gestão municipal.

Três grandes obras são tocadas pela Secretaria de Infraestrutura: o Renasce Salgadinho, uma estrada ligando os bairros Santa Lúcia e Antares e a Via Verde, próximo à empresa Tupã até a Via Expressa.

Segundo Cunha, a primeira etapa do Renasce Salgadinho está 90% pronta. É a que permite que as águas do Vale do Reginaldo e dos riachos Sapo e Gulandi sejam tratadas antes do despejo na Praia da Avenida. A segunda etapa é que vai permitir transformar as bordas do riacho em praças e uma ciclovia, ou seja, uma nova área de lazer na cidade.

Outra obra que o vice e secretário quer inaugurar: uma pista dentro do Vale do Reginaldo, desapropriando cem casas para melhorar o fluxo do trânsito na parte baixa. Vai reativar o programa Grota na Brota, reformar o Mercado da Produção e continuar ações nas encostas, para evitar deslizamentos e mortes.

Há ainda um corredor projetado na Avenida Fernandes Lima para passagem do BRT, em fase de licitação e cujo contrato será assinado ainda este semestre.

Estes movimentos do vice de JHC, mais o chamamento a candidatos que se lançaram pelo Podemos – partido comandado por ele – indicam que 2026 está no radar. Porque Cunha precisará entregar um deputado federal daqui a dois anos, salvo a existência de um acordo: JHC renunciando e o vice assumindo a vaga.

Rodrigo Cunha também pode ser o nome do grupo a disputar o governo do Estado em 2026, apesar de negar os planos. Mas não é isso o que os vereadores querem. No entendimento deles, JHC não abriu espaço para o presidente anterior da Câmara, Galba Neto (PL). Mas eles enxergam uma possibilidade maior com Cunha.

Todavia, é preciso que Jota deixe a Prefeitura, o vice assuma e Chico Filho acumule a função de presidente da Câmara e vice-prefeito.

Os Calheiros duvidam que Jota arrisque deixar a Prefeitura para disputar o governo do Estado com o ministro dos Transportes, Renan Filho. Ele tem força nas urnas do interior, não na região metropolitana. Com JHC é o contrário.

Renan Filho segue seu projeto nacional e também de olho no Governo de Alagoas: toca as obras do arco metropolitano e um veículo leve sobre trilhos em Arapiraca.

JHC busca compor com o ex-prefeito de Pilar, Renato Filho. O Hospital da Cidade busca ter leitos de retaguarda no Hospital do Futuro, em Pilar. A proposta é colocar em prática o maior conglomerado do SUS em Alagoas.

Já Chico Filho se mexe em busca de uma posição. Votou no governador Paulo Dantas (MDB) em 2022, ou seja, foi oposição a JHC e Cunha. Deixou o MDB, se filiou ao PL e recebeu apoio do prefeito para voltar ao comando do Legislativo mirim. Por isso, faz oposição aberta a Dantas, mas poupa os Calheiros.

Enquanto isso, Dantas procura um discurso que possa barrar as críticas da oposição mais ligada ao bolsonarismo, mas também entre os próprios aliados. Nomeou esta semana 50 delegados da Polícia Civil, lançou um programa de crédito ao pequeno empresário, de baixa burocracia, para atender 6 mil pessoas, além de concessão de incentivos fiscais a grandes empresas como a Vila Galé Coruripe, com investimento privado de R$ 200 milhões e previsão de gerar 500 empregos.

O país agora busca sobreviver por meio de alianças. Além do PSD, o MDB também é cogitado como possível parceiro em uma fusão ou incorporação.