Clã Calheiros vira obstáculo para Arthur Lira também em Rio Largo

A política de Rio Largo enfrenta uma nova reconfiguração após o prefeito Carlos Gonçalves (PP) se afastar do grupo do seu tio, Gilberto Gonçalves (GG), aliado de Arthur Lira (PP). A aproximação do gestor com o senador Renan Calheiros (MDB) e o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), gerou especulações sobre um possível rompimento definitivo com Lira e seu grupo político.

Em um vídeo divulgado nas redes sociais, Carlos Gonçalves aparece ao lado dos Renans em Brasília, afirmando buscar investimentos para Rio Largo e reforçando o que já se era especulado nos bastidores. O gesto intensificou a tensão e alimentou ainda mais dúvidas sobre seu real alinhamento político para os próximos anos. O movimento é visto como uma estratégia para fortalecer sua gestão e consolidar apoios futuros, tendo em vista que uma conciliação com seu tio parece ter ficado mais distante.

Historicamente, a Família Gonçalves manteve uma relação estreita com Arthur Lira, influenciando a política municipal. No entanto, a recente movimentação do prefeito sinaliza uma mudança de rumo, possivelmente mirando as eleições de 2026.

A visita a Brasília também contou com a presença do vice-prefeito Petterson Henrique, dos vereadores Douglas Costa e Jefferson Alexandre, e dos secretários Gustavo Ferreira (Infraestrutura) e Luciano Ferreira (Finanças). O grupo reforça a ideia de que a aproximação com Renan Calheiros e Renan Filho não foi uma decisão isolada, mas sim uma estratégia articulada e uma manobra com méritos do Executivo e do Legislativo.

Nos bastidores, o que se sabe é que o afastamento de GG e Arthur Lira pode estar ligado às dificuldades enfrentadas por seus aliados em eleições recentes. A perda de espaço em algumas cidades também tem impactado a força do grupo, levando Carlos Gonçalves a buscar novos apoios.

O impacto da crise interna da Família Gonçalves também afeta a deputada estadual Gabi Gonçalves, filha de GG, que enfrenta incertezas sobre sua reeleição. Embora publicamente apareça sempre ao lado dos dois, a fragmentação do grupo coloca em risco sua base eleitoral e pode comprometer sua permanência na Assembleia Legislativa caso não acerte o trajeto até lá.

Ao longo de fevereiro, Carlos Gonçalves, como tem sido mostrado pelo EXTRA, intensificou sua relação com lideranças da segurança pública, buscando garantir proteção política e estruturar sua gestão.

A mudança de lado também pode ter reflexos para Arthur Lira, que historicamente manteve forte presença em Rio Largo através da influência de GG. O deputado federal investiu significativamente no grupo, que, por sua vez, foi responsável por angariar expressiva votação para seus aliados nas eleições.

Em 2021, antes da Operação Beco da Pecúnia, Lira destinou R$ 41,6 milhões em emendas para Rio Largo, valor superior ao enviado para cidades como Arapiraca e Maceió. O montante financiou projetos e reforçou a gestão de GG, que sempre fez questão de exibir outdoors pela cidade destacando sua relação com o parlamentar.

A atual crise política se acirrou quando GG tentou manter controle sobre a administração municipal, influenciando decisões da Câmara de Vereadores. Sua tentativa de indicar aliados para cargos estratégicos e realizar exonerações gerou resistência. Diante disso, Carlos Gonçalves optou por romper com o tio e reafirmar sua independência política.