JOGO DO PODER
Projeto sobre drogas acirra disputa entre Thiago Prado e Leonardo Dias
Vereadores tentam se consolidar como voz da direita em Maceió em busca de vaga na ALE
A audiência sobre internação compulsória de dependentes químicos expôs, na última semana, o embate entre os vereadores Thiago Prado (PP) e Leonardo Dias (PL). O confronto antecipa a disputa que os dois devem travar em 2026, quando pretendem disputar uma vaga na Assembleia Legislativa por um mesmo nicho: o eleitorado de direita.
Da audiência, realizada no dia 5 deste mês na Câmara Municipal de Maceió, sob protestos, participaram representantes de órgãos públicos, instituições privadas, entidades civis e especialistas. O objetivo era discutir políticas públicas para o combate ao uso de drogas e alternativas de tratamento para dependentes químicos em Maceió.
Leonardo Dias usou seu tempo para criticar o projeto apresentado por Thiago Prado que prevê a internação compulsória de usuários. Segundo Dias, a proposta precisa ser mais debatida e não pode ser aplicada sem diálogo com a população e sem levar em consideração o contexto de cada pessoa.
O vereador do PL destacou que o problema da dependência química é uma questão de saúde pública e disse que há estrutura disponível, como a Casa de Ranquines. Para ele, falta ao Município atuação efetiva e humanizada no acolhimento dos usuários.
“A gente precisa conversar com cada pessoa (...). Atrás de um noieiro tem uma história, tem um CPF (...), que deve encontrar no poder público um amparo para mudar de vida”, afirmou Leonardo Dias durante a audiência, mencionando seu compromisso cristão, mesmo que isso contrarie parte do seu eleitorado.
A resposta de Thiago Prado foi discreta. Mesmo sendo autor do projeto criticado, ele preferiu manter uma postura mais técnica durante o encontro. A audiência terminou sem consenso, mas evidenciou o racha entre os dois vereadores, que já disputam espaço na base da direita alagoana.
Nos bastidores, o distanciamento entre Prado e Leonardo Dias é interpretado como consequência direta de um outro rompimento: o de Thiago Prado com o deputado federal Fábio Costa (PP), seu antigo aliado nas eleições de 2018 e 2022.
Em entrevista à Rede Antena 7 ainda em outubro do ano passado, Prado confirmou que não apoiará Costa nas eleições de 2026. “Ele tem o apoio do Leonardo Dias, que é com quem ele está caminhando. Estou livre para outras alianças”, disse. O vereador afirmou ainda que se sentiu magoado por não receber apoio nas eleições de 2024.
A ruptura entre os dois delegados ocorreu quando Fábio Costa declarou apoio exclusivo a Leonardo Dias ainda durante a campanha municipal de 2024. A decisão deixou claro qual dos dois vereadores terá o respaldo do deputado federal na futura disputa por uma vaga na ALE.
A disputa entre Dias e Prado promete ser acirrada, já que ambos possuem influência tanto entre os colegas da Câmara quanto junto ao eleitorado conservador. Os dois atuam em partidos com forte representação no Legislativo e mantêm articulações com setores estratégicos da base do governo municipal.
Leonardo Dias é líder do PL na Câmara, partido que elegeu 11 vereadores em 2024. Entre os nomes da legenda estão Luciano Marinho, o mais votado da eleição, Galba Netto, Marcelo Palmeira e Jeannyne Beltrão, todos com forte histórico político e atuação consolidada em Maceió.
Já Thiago Prado lidera o bloco formado pela federação entre PP e União Brasil, que soma quatro cadeiras. Além dele, fazem parte do grupo os vereadores Davi Davino, Olívia Tenório e David Empregos. A articulação entre os partidos amplia o alcance político do vereador e fortalece sua posição na Casa Mário Guimarães.
Tanto PL quanto PP mantêm uma relação estreita com o prefeito JHC. A presença de figuras como Prado e Dias em seus respectivos blocos é vista como estratégica para o Executivo, que busca garantir maioria nas votações e apoio político à sua gestão até o fim do mandato.
A movimentação dos vereadores indica que, embora ainda faltem mais de um ano para as eleições estaduais, a corrida por espaço político e influência já começou. Os primeiros sinais vieram em forma de embates públicos, mas tendem a se intensificar à medida que 2026 se aproxima.