Waive é destaque entre as mil melhores do Brasil no Prêmio Sebrae

Fundada há menos de dois anos por dois jovens alagoanos, a Waive nasceu de uma limitação comum no mundo das startups: a falta de recursos financeiros. Hoje, o negócio figura entre os mil melhores do país no Prêmio Sebrae Startups, reconhecimento que celebra as iniciativas mais promissoras do ecossistema de inovação brasileiro. 

Por trás desse avanço acelerado está André Valente, que fundou a empresa ao lado de Winicius Almeida, seu parceiro desde os primeiros projetos. A jornada começou de forma simples, com consultorias vendidas por valores modestos e a reinvenção constante do produto até encontrar um nicho sólido no setor jurídico. 

“A Waive foi fundada em 17 de janeiro de 2024. Como não tínhamos dinheiro para desenvolver uma tecnologia, começamos oferecendo o que podíamos: nosso conhecimento. Vendemos consultorias de R$ 600, depois R$ 1.200, até faturar quase R$ 30 mil em quatro meses. Esse valor foi o que impulsionou o desenvolvimento da plataforma. Fomos crescendo, lançamos a plataforma em novembro do ano passado e, atualmente, estamos com seis pessoas na equipe e mais de 1.500 usuários ativos”, conta André. 

O início, segundo ele, foi marcado por aprendizados e mudanças de rota. O projeto original se voltava à inovação corporativa, mas o mercado não respondeu como esperado. A solução veio de um princípio simples, que o empreendedor diz ter aprendido com Mark Zuckerberg: “As ideias nunca surgem totalmente desenvolvidas; elas se tornam claras à medida que você trabalha nelas. Você só precisa começar”.

Foi com essa mentalidade que os fundadores decidiram escutar os usuários e adaptar o foco da plataforma. “Começamos como uma solução para ideação corporativa, depois migramos para educação, pesquisa e artigos. Com o tempo, percebemos que os usuários do setor jurídico eram os mais engajados. Então, entendemos que esse era o caminho natural e passamos a atuar 100% nesse mercado”, explicou Valente. 

Hoje, a Waive se define como um editor de texto inteligente para advogados, capaz de produzir e revisar peças jurídicas em tempo real com o auxílio de um modelo de inteligência artificial treinado em mais de 1,5 milhão de documentos jurídicos. “Nosso objetivo é simplificar e acelerar a produção de peças, contratos e petições. O advogado pode criar e editar documentos diretamente no editor, interagindo por chat com o sistema. A Waive se conecta a ferramentas como PJe, Gmail e Drive, incorporando dados automaticamente, com citações e referências reais”, detalha o fundador. Além da automação, a plataforma conta com agentes especializados virtuais, que realizam tarefas jurídicas em segundos. 

O impacto, segundo André, é direto na produtividade: “O tempo de redação pode ser reduzido em até 90%, e o custo operacional em mais de R$ 2 mil por mês. O resultado é um ganho significativo de tempo, redução de erros e aumento de produtividade para escritórios e profissionais”. 

Apesar da fama de conservador, o mercado jurídico brasileiro tem se mostrado receptivo à inteligência artificial. “Hoje, 55% dos advogados já utilizam IA de alguma forma. Mas a maioria ainda usa de forma limitada, gastando mais tempo organizando informações do que realmente produzindo”, analisa. O Brasil concentra 1,4 milhão de advogados, sendo 72% autônomos e mais de 100 mil pequenos escritórios. 

“Esses profissionais gastam cerca de seis horas por dia com pesquisa e redação. É um trabalho repetitivo que poderia ser automatizado. Queremos devolver esse tempo a eles”, diz André. Reconhecimento nacional A conquista no Prêmio Sebrae Startups representou um marco simbólico para a trajetória da empresa. 

André relembra o início, quando o evento parecia longe. “No primeiro mês da Waive, o Winicius me enviou um vídeo do Startup Summit, dizendo o quanto seria incrível estar lá. Eu respondi: ‘Esse evento é muito grande, está muito distante da gente’. Um ano depois, estávamos expondo no evento como uma das mil melhores startups do Brasil”, contou. 

O reconhecimento, no entanto, não é visto como um ponto de chegada. “Mesmo após ganhar o Startup Nordeste, sentimos que estamos apenas no começo. Ficamos felizes com tudo isso, mas temos um propósito ambicioso e vamos alcançá-lo”, afirma o jovem empresário.