Conteúdo do impresso Edição 1337

ELEIÇÕES 2026

Pesquisa reduz vantagem de JHC e pressiona decisão sobre candidatura

Busca por aliados no interior ou mudança de rota devem ser avaliadas pelo prefeito
Por Bruno Fernandes 18/10/2025 - 06:00
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Secom Maceió
Posse do empresário Carlos Pinheiro na Secretaria de Indústria de Maceió foi prestigiada pelo prefeito Luciano Barbosa (D)
Posse do empresário Carlos Pinheiro na Secretaria de Indústria de Maceió foi prestigiada pelo prefeito Luciano Barbosa (D)

O que antes parecia tranquilo para JHC agora pode ganhar contornos mais delicados. Embora historicamente o MDB encontre dificuldades para vencer em Maceió, a redução da vantagem mostrada pela última pesquisa Falpe indica que o prefeito terá de adotar postura mais incisiva para evitar novo recuo. O avanço gradual de Renan Filho na capital, somado à força que já possui no interior, pode complicar os planos do prefeito caso ele aposte apenas na base maceioense e em alguns aliados regionais para disputar o governo do Estado.

Segundo os dados coletados entre os dias 9 e 13 de outubro, JHC aparece com 62,5% das intenções de voto na capital, enquanto o ministro dos Transportes, Renan Filho, mantém 20%. Em janeiro, o placar era de 70% contra 12%, indicando redução acumulada de 15 pontos na diferença entre os dois.Em maio, o prefeito tinha 66,75%contra 20%, consolidando agora uma tendência de oscilação negativa.

Apesar das oscilações, Maceió segue como principal trunfo eleitoral de JHC para uma possível disputa estadual. A capital representa cerca de um terço do eleitorado e funciona como base de sustentação para qualquer projeto majoritário. A queda registrada, porém, acende alerta entre aliados, que enxergam necessidade de conter o recuo para preservar o capital político acumulado até agora.

Publicamente, JHC ainda não se pronunciou sobre disputar o governo ou optar por candidatura ao Senado. Nos bastidores, aliados
defendem que ele concorra ao governo do Estado em 2026, avaliação reforçada pelos altos índices na capital. O cálculo, porém, envolve risco elevado. Para enfrentar Renan Filho, seria necessário renunciar ao mandato com quase três anos restantes.

Entre os maiores defensores da ideia de uma disputa ao governo está o líder da gestão na Câmara, o vereador Kelmann Vieira (MDB), que, além de confirmar publicamente a candidatura de JHC, mesmo sem a palavra do próprio gestor, tem soltado diversas indiretas nas redes sociais.

Durante a posse do secretário de Indústria, Comércio e Serviços de Maceió, Carlos Pinheiro da Costa Júnior (o Júnior Bom Sono), no
último dia 9, por exemplo, a presença do prefeito Luciano Barbosa, de Arapiraca — segundo maior colégio eleitoral de Alagoas —,
ao lado de JHC, chamou atenção e causou, mais uma vez, burburinhos entre interlocutores sobre a aproximação política entre os
dois líderes, ainda mais após uma fala do vereador Kelmann Vieira durante os discursos: “Muita gente ainda duvida dele, mas haverá
sinais”, em referência à possível candidatura de JHC ao Governo de Alagoas em 2026.

Além de preservar a vantagem em Maceió, JHC precisa ampliar presença no interior, onde Renan Filho tem trajetória consolidada. A expansão depende do apoio do deputado federal Arthur Lira, ex-presidente da Câmara, que mantém influência sobre prefeituras
estratégicas. Sem esse reforço, a migração eleitoral além da capital se torna mais lenta e custosa.

A pesquisa também avaliou o desempenho de gestões públicas em Maceió. O prefeito JHC registrou 80% de aprovação e 11% de
reprovação. O governador Paulo Dantas teve 40% de aprovação e 46% de rejeição. Já o presidente Lula aparece com avaliação dividida: 43,5% aprovam e 42,5% desaprovam a administração federal. 

Mesmo com recuo na disputa majoritária, os números mostram que o prefeito mantém ampla aceitação entre os maceioenses. A leitura entre apoiadores é que ainda há margem para recuperação da diferença antes de qualquer definição. O desafio imediato
é estabilizar os índices e, ao mesmo tempo, construir ambiente favorável fora da capital.

Caso opte pela disputa para governador, JHC entrará em uma eleição que tende a ser polarizada e de alto desgaste. Os aliados ponderam que a candidatura ao Senado seria menos arriscada e permitiria continuidade política com menor exposição. A escolha, contudo, depende diretamente da evolução dos índices de intenção de voto ao longo dos próximos meses.


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