Conteúdo do impresso Edição 1337

ELEIÇÕES 2026

Maceió tende a se manter como ‘ilha’ anti-Lula no Nordeste

Eleitorado mantém preferência por famílias tradicionais na política
Por Bruno Fernandes 18/10/2025 - 06:00
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Manifestação de bolsonaristas em Maceió
Manifestação de bolsonaristas em Maceió

Maceió deverá fazer jus, mais uma vez, ao apelido de “ilha” anti-Lula do Nordeste. Se depender apenas do maior colégio eleitoral do estado, como mostra a pesquisa publicada pelo Instituto Falpe nesta semana, a Câmara Federal deve manter nomes da direita alagoana, como Alfredo Gaspar, Fábio Costa e Marx Beltrão. Possíveis candidatos ao primeiro mandato e à reeleição de centro, como Arthur Lira, Olívia Tenório, Isnaldo Bulhões, Luciano Amaral e Rafael Brito, e da esquerda, como Paulão, seguem sem força na capital alagoana.

Alfredo Gaspar lidera a pesquisa de intenção de voto para deputado federal em Maceió, com 32,5% das citações. Em segundo, aparece o delegado Fábio Costa, com 18,5%, seguido por Rafael Brito (Tio Rafa), com 8%. Olívia Tenório e Marx Beltrão aparecem empatados, com 5,5% cada. O levantamento da Falpe Pesquisas ouviu 2 mil pessoas na zona urbana entre os dias 9 e 13 de outubro.

Outros candidatos tiveram percentuais menores: Paulão, do PT, como era de se imaginar na capital alagoana, tem 3%; João Caldas,
2%; e Thais Canuto, Arthur Lira, Daniel Barbosa, Isnaldo Bulhões e Luciano Amaral aparecem com 1,5% cada. Vale ressaltar, por outro lado, que os últimos nomes citados têm presença forte no interior do estado, raramente conseguindo bons índices em Maceió. Seis por cento dos entrevistados afirmaram não votar em nenhum dos nomes apresentados, e 11,5% não opinaram. A margem de erro da pesquisa é de 3,5 pontos percentuais, com nível de confiança de 95%.

Entre os candidatos a deputado estadual, Delegado Leonam e Rose Davino aparecem empatados na liderança, com 2,25% das intenções de voto. Dudu Ronalsa tem 1,25%, seguido por Lelo Maia, Mesaque Padilha, Marcos Barbosa e Flávia Cavalcante, cada um com 1%. Outros nomes, como Cibele Moura, Cabo Bebeto, Chico Filho e Thiago Prado, registraram 0,75% ou menos.

A pesquisa foi realizada de forma domiciliar, com amostra segmentada por gênero, idade, seis áreas e 40 regiões, com pesos baseados em dados do IBGE e da agência estadual de estatísticas. O perfil ideológico da capital deve seguir a mesma linha da atual Câmara de Maceió, que tem maioria de partidos de direita e centro-direita.

Nos três primeiros meses de 2025, a Câmara de Vereadores da capital aprovou cinco novas comendas religiosas, todas ligadas à valorização de figuras e ações católicas, incluindo atuação em missões, evangelização, música religiosa, educação católica e promoção da dignidade humana em hospitais e presídios. O Partido Liberal (PL) lidera a Casa com 11 vereadores, garantindo o protagonismo do campo conservador na capital alagoana. Em 2022, Bolsonaro recebeu 49,59% dos votos válidos em Maceió, frente a 40,43% de Lula. Nas demais oito capitais nordestinas, a situação foi inversa, consolidando a capital alagoana como reduto eleitoral do bolsonarismo. Essa base eleitoral forte sugere que a tendência ideológica deve se repetir nas eleições de 2026, mantendo Maceió isolada em relação ao restante do Nordeste.

O quadro revelado pela pesquisa aponta ainda que novos candidatos têm dificuldade para romper o cenário consolidado, com grande parte do eleitorado manifestando preferência por nomes conhecidos e de famílias tradicionais na política, como Lira, Tenório, Bulhões, Barbosa e outros. Sendo assim, a tendência sugere que a base eleitoral bolsonarista, consolidada em 2022, continua firme, reforçando a ideia de Maceió como ilha política distinta no Nordeste.


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