ESTUDO
Óleo atingiu 390 hectares de praias em Alagoas e afetou renda de 59% das famílias

Cerca 390 hectares de praias foram contaminadas com óleo cru em Alagoas, inclusive em extensas áreas de manguezais na foz do rio São Francisco, segundo relatório parcial e o banco de dados da pesquisa sobre o desastre econômico e socioambiental provocado pelo derramamento de petróleo nas praias nordestinas divulgado nesta sexta-feira, 28.
No estado vizinho, o estudo coordenado pela Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), por meio da sua Diretoria de Pesquisas Sociais (Dipes), foram 260 hectares de corais e 692 hectares de mangues e vegetação nativa que podem ter sido afetados pela contaminação em 11 municípios.
Quanto à pesca, única atividade econômica de 59,5% das famílias, 40,4% dos pescadores artesanais entrevistados relataram que estuários e/ou manguezais próximos foram atingidos e 67,5% relataram queda de renda por conta do petróleo nas praias.
A redução da renda média entre os pescadores foi de 37,28%. Em relação ao ambulantes, também alvo do estudo, 81,8% dos entrevistados sobrevivem dessa fonte de renda e 82,6% deles relataram que o petróleo atingiu uma das praias em que trabalham. Fato que afetou a renda de 64,6% deles.
A pesquisa revela que as gestões locais de municípios menores não estão preparados para calamidades – parte da resposta ao derrame do petróleo deve ser o fortalecimento das administrações locais, provavelmente com a criação de consórcios.
Também se confirmou a hipótese inicial de que o impacto do derramamento do petróleo não é homogêneo entre os municípios, logo as políticas de mitigação dos efeitos do derrame do petróleo devem ser desenhadas por tipo de município.
Para apresentar e discutir com as populações envolvidas no processo os resultados da pesquisa, a Fundaj realizará em setembro próximo um ciclo de três debates virtuais, por meio do seu canal YouTube na Internet. Alguns relatórios parciais já estão publicados e disponibilizados na página da pesquisa no site Fundaj, no menu Cieg, da Dipes. Em breve, o relatório final também estará disponível.
A página da pesquisa ainda disponibiliza o banco de dados, as notas técnicas e os infográficos que podem ser baixados por pesquisadores, alunos e professores interessados no tema com livre acesso.
Ainda sem uma causa comprovada sobre a origem, as manchas de petróleo cru começaram a surgir em 31 de agosto de 2019 em diversas praias nordestinas, culminando em praias da região Sudeste. Manchas de tamanhos variados contaminaram os ambientes costeiros, especialmente os manguezais, estuários de rios e lagoas.
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