Homens que coordenaram ameaças contra tenente-coronel de Alagoas são indiciados

Dois homens integrantes de um grupo racista foram indiciados pela Polícia Civil de Alagoas por ameaças feitas contra a honra da tenente-coronel do Corpo de Bombeiros Camila Paiva, em julho do ano passado. Ambos foram indiciados na última sexta-feira, 17, após investigação comandada pelo delegado José Carlos.

Durante depoimento os suspeitos confessaram que praticaram os crimes. Na época das ameaças, a militar estava à frente de uma campanha sobre o assédio sexual de mulheres no quartel, que teve uma grande repercussão.relacionadas_esquerda

Segundo as investigações, o grupo que ameaçou a tenente-coronel tem atuações contra negros, contra o público LGBTQIA+, feministas, cultua o ódio e divulga práticas nazistas, perseguindo as vítimas através de perfis falsos na internet.

Camila ficou conhecida por liderar o movimento #AssédioNoQuartel, que resultou em uma campanha de mulheres militares contra o machismo nas corporações, que também usa a hashtag #SomosTodasMarias. À época, Paiva contou que recebeu muitas ameaças, mas que sua maior preocupação veio após seus dados pessoais —telefones, endereço, nomes de familiares, redes sociais— serem divulgados.

Para ela, o vazamento dos dados não deve ter relação com os casos que ela denunciou no lançamento da campanha. "Não acho que essas ameaças sejam motivadas pela denúncia ao PM que fiz, porque nesse grupo fica claro o ódio por feministas, LGBTs e militantes", afirma.

Na semana em que as ameaças aconteceram, Camila Paiva chegou a ver uma foto dela de biquíni circulando em um grupo de WhatsApp em que só participam militares. Nos comentários, ela se deparou com mensagens de preconceito e desrespeito. Revoltada, Camila chegou a postar um desabafo no Instagram contra a atitude dos colegas de corporação.

"É um absurdo que em pleno século 21, uma mulher ter que militar para ter o direito de postar uma foto de biquíni. É inadmissível", disse.

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