POLÍTICA

Gusttavo Lima promete abrir mão dos shows milionários pagos por prefeituras

Cantor que promoveu bets em Maceió faz live para se defender das acusações de lavagem de dinheiro
Por Tamara Albuquerque 03/10/2024 - 13:25

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Divulgação
Gustavo Lima comanda cassino em show no São João de Maceió este ano
Gustavo Lima comanda cassino em show no São João de Maceió este ano

O cantor sertanejo Gusttavo Lima fez uma promessa interessante durante uma live realizada em Miami para se defender das acusações da operação Integration, realizada pela Polícia Civil de Pernambuco, e que o colocou no centro das investigações de crimes por lavagem de dinheiro e organização criminosa.

O embaixador, como é conhecido, afirmou que não deve realizar mais os milionários shows para prefeituras. A informação é do jornalista Xico Sá, do portal ICL Notícias. O jornalista lembrou que em alguns shows, como o do São João de Maceió deste ano, o artista chegou a promover um cassino a céu aberto, em uma ação publicitária da empresa Vai de Bet. Girando a roleta com algumas pessoas escolhidas na plateia, Gusttavo Lima exaltou as “vantagens” da jogatina para os brasileiros. A apresentação custou R$ 1,2 milhão ao contribuinte alagoano, segundo Xico Sá.

Levantamento exclusivo feito pelo ICL Notícias revelou que somente em 2024, o garoto-propaganda do vício em apostas faturou R$ 12,3 milhões em onze shows pagos por prefeituras, na maioria cidades pequenas e médias. “Para isso os prefeitos usam boa parte do orçamento municipal, algo que pode comprometer outras iniciativas culturais e até o serviço em áreas como saúde e educação”, afirmou.

O portal fez uma retrospectiva sobre a polêmica dos shows milionários, que começou com o ataque de cantores sertanejos à Lei Rouanet, em 2022.

O cantor Zé Neto (da dupla com Cristiano), em um show na cidade de Sorriso, no Mato Grosso, fez um discurso sobre o tema, com direito a comentários moralistas a respeito da cantora Anitta: “A gente não precisa fazer tatuagem no ‘toba’ para mostrar se a gente está bem ou mal. A gente simplesmente vem aqui e canta, e o Brasil inteiro canta com a gente”, lembrou o jornalista.

O showmício de Zé Neto, bolsonarista declarado, contra a tatuagem de Anitta e a “corrupção”, acabou despertando o Ministério Público, em vários Estados do Brasil, para saber quem pagava os shows dos cantores sertanejos.

“Não deu outra. Revelou-se um festival de hipocrisia da turma que se gabava de não explorar as verbas oficiais”, comenta.

O primeiro escândalo foi descoberto em Roraima. Segundo Xico Sá, a prefeitura de São Luiz, município com 8.232 habitantes, contratou o cantor Gusttavo Lima por R$ 800 mil. Depois de muita polêmica e investigação do MP, o mesmo cantor teve um contrato de R$ 1,2 milhão cancelado em Conceição do Mato Dentro, em Minas Gerais.

Em Alagoas, o MP pediu cancelamento de uma apresentação do ídolo popular Wesley Safadão que levaria R$ 600 mil da prefeitura de Viçosa. No entendimento dos procuradores, esse gasto com as festas não deveria ultrapassar o limite de R$ 100 mil.

A crítica de Zé Neto sobre a Anitta provocou o cancelamento de pelo menos 40 shows, a maioria da turma dos amigos dele. “Depois do chororô, no entanto, Gusttavo Lima e os seus chapas seguiram com os contratos milionários pagos com dinheiro público”.


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