FALTA DE SEGURANÇA
Incêndio atinge casa de coordenador do movimento contra a Braskem em Maceió
Comunidade local questiona atuação da empresa quanto à segurança das casas evacuadasNa madrugada desta terça-feira, 8, um incêndio atingiu a residência do procurador do Ministério Público do Trabalho e coordenador-geral do Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB), Cássio Araújo, localizada na rua Professor José da Silveira Camerino, no bairro do Pinheiro, um dos bairros afetados pela mineração da Braskem, em Maceió. Não havia pessoas no imóvel e ninguém se feriu.
Cássio afirma que recebeu uma ligação durante a madrugada informando que sua casa estava em chamas. O procurador relatou que parte da casa foi destruída e estima um prejuízo de R$ 6 milhões, uma vez que possuía cerca de 20 mil livros ainda armazenados no local.
Cássio teve de deixar o imóvel em novembro do ano passado, quando uma das minas da petroquímica ainda corria risco de colapsar — a mina 18 desabou no meio de dezembro. Esse é considerado o maior desastre ambiental em área urbana do país. Ao menos 40 mil pessoas dos cinco bairros atingidos tiveram que ser relocadas
O procurador afirma acreditar em incêndio criminoso. O Corpo de Bombeiros de Alagoas confirmou que se tratou de um incêndio de médias proporções, no primeiro andar da residência e que abrigava muitos materiais inflamáveis, como livros. Houve reignição nesta manhã, mas as equipes conseguiram fazer a contenção novamente.
Esse foi o quinto incidente envolvendo a casa desde o dia 29 de novembro, quando a Braskem teria invadido o imóvel, segundo o dono. Segundo Cássio Araújo, a primeira ocorrência foi em novembro, quando a Braskem invadiu sua casa sob o pretexto de verificar se ele estava no local. Mesmo após ele informar que não estava presente, a empresa teria insistido em entrar para confirmar a veracidade da informação. Além disso, ele relatou que, posteriormente, sua casa foi alvo de três invasões e furtos, cujos danos ele ainda não conseguiu mensurar por estar proibido de entrar na residência.
O incêndio desta madrugada teria sido causado por alguém que entrou no imóvel pelo alçapão e utilizou álcool para colocar fogo. O procurador informou que a área afetada do imóvel tinha uma vasta coleção de livros, cerca de 200 mil volumes, grande parte dos quais pode ter sido destruída pelas chamas. No entanto, ele ainda aguarda a área esfriar completamente para avaliar a extensão das perdas.
A repetição de incidentes envolvendo a casa do procurador levantou questionamentos sobre a responsabilidade da Braskem. De acordo com Cássio, a petroquímica deveria garantir a segurança das residências evacuadas, o que, na visão dele, não foi cumprido no caso de sua casa.
Cássio mencionou que pretende adotar medidas judiciais para responsabilizar a Braskem pelos danos sofridos ao longo desses incidentes. Ele destacou que, além do incêndio, o acesso à sua própria residência tem sido restrito, o que o impede de avaliar de maneira precisa os prejuízos causados pelas invasões anteriores. O Corpo de Bombeiros foi acionado durante a madrugada e conseguiu controlar o incêndio, mas ainda restam focos de fogo no local. Ninguém ficou ferido.