DADOS DE 2020
Balanço: 1 em cada 4 brasileiros vivia em situação de pobreza

Cerca de 12 milhões de pessoas viviam em extrema pobreza no Brasil em 2020, ou seja, com menos de R$155 reais por mês, e mais de 50 milhões, ou 1 em cada 4 brasileiros, viviam em situação de pobreza, com menos de R$450 por mês. Os dados são da Síntese de Indicadores Sociais, divulgada hoje (03) pelo IBGE.
“Quando falamos de pobreza, nesse estudo, estamos nos referindo à pobreza monetária, ou seja, por insuficiência de renda, sem considerar outras dimensões, como acesso à educação, saúde e moradia adequada”, ressalta Barbara Cobo, analista do IBGE.
A incidência de extrema pobreza em 2020 ficou estável quando comparada a 2012, início da série, aumentou frente a 2014, ano com menor nível no indicador, e caiu em relação a 2019. Já a proporção de pessoas em situação de pobreza em 2020 caiu em relação a 2012, ficou estável frente a 2014 e reduziu-se em comparação a 2019.
“É importante frisar que esse comportamento foi muito diferente regionalmente. Considerando a linha de US$ 5,50, por exemplo, Norte e Nordeste tiveram quedas em relação a 2019, enquanto Sul, Sudeste e Centro-Oeste apresentaram estabilidade. O comportamento Brasil foi muito influenciado pelo que aconteceu nas regiões Norte e Nordeste”, destaca Cobo.
Pela primeira vez, o IBGE avaliou o impacto dos programas sociais na incidência de pobreza e extrema pobreza no país. Em um cenário hipotético sem o pagamento de benefícios, de 2012 a 2019, a proporção de pessoas nessas condições estaria num patamar de 2 a 3 pontos percentuais mais elevado, mas o comportamento do indicador seria o mesmo.
Porém, em 2020, ano afetado pela pandemia de coronavírus, o impacto da concessão de programas sociais se intensifica: a diferença de patamar com e sem os benefícios seria de 7,2 pontos percentuais para extrema pobreza e 8,0 pontos percentuais para pobreza. Além disso, haveria uma inversão no comportamento do indicador em relação ao ano anterior, e a proporção de pessoas em extrema pobreza e pobreza teria aumentado ao invés de diminuído.
Para Cobo, isso mostra que, “de fato, os benefícios emergenciais serviram de colchão de amortecimento para os impactos mais severos da crise sobre a população mais vulnerável, incorporando os beneficiários do Bolsa-Família e ampliando o público-alvo elegível ao recebimento. O valor inicial do Auxílio Emergencial de R$600, por exemplo, foi três vezes superior ao valor médio do benefício do Bolsa-Família praticado logo antes da pandemia e, por isso, o impacto no rendimento domiciliar foi muito maior.”