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Dólar e Real, relação de altos e baixos
O Ibovespa renovou mais uma vez o pico do ano na sessão desta quarta-feira, 21, encerrou o dia com 120.420,26 pontos (+0,67%) - acima da marca de 120 mil pontos no fechamento pela primeira vez desde 4 de abril de 2022. A expectativa por uma sinalização de corte de juros em breve na decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de hoje e os ganhos acima de 4% das ações da Petrobras sustentaram o desempenho.
A companhia avançou entre 4,19% (PN) e 3,99% (ON), após bancos como Goldman Sachs e Santander terem elevado a recomendação da estatal para compra. A isso somaram-se aumentos acima de 1% dos preços do petróleo e relatos de fluxo estrangeiro para as ações da empresa em meio à queda de 0,60% do dólar ante o real, que levou a moeda americana a encerrar o dia cotada a R$ 4,7678.
"Quem sustentou o Ibovespa foi a Petrobras, com um alta de 4%, em virtude de algumas casas estrangeiras terem recomendado compra", afirma o chefe de renda variável da Veedha Investimentos, Rodrigo Moliterno. "Junto a isso, o setor bancário tem uma performance também boa", completa o analista, que atribui a alta do setor à expectativa por uma sinalização de corte dos juros.
O segmento financeiro foi um dos destaques positivos da sessão, com alta de 0,80%, sustentada por Banco do Brasil ON (+3,15%) e BTG Pactual Unit (+1,21%). Outros setores sensíveis aos juros também encerraram a sessão em alta, a exemplo do imobiliário (+2,04%) e de consumo (+0,60%), puxados respectivamente por Aliansce Sonae ON (+3,13%) e por Ambev ON (+0,92%).
"Com uma expectativa de redução de juros bastante precificada para começar a partir de agosto, os bancos acabam beneficiados por uma tendência de aumento das linhas de empréstimo, que gera uma expectativa de melhora no segmento. Varejo e bancos, que têm alta correlação com os juros, acabam tendo um ganho", diz o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni.
O desempenho do Ibovespa só acabou contido pelo setor de materiais básicos, que cedeu 1,34%, refletindo a redução de 0,99% dos preços do minério de ferro na China e os temores de que o governo do gigante asiático possa conceder menos estímulos do que seria necessário para estimular a economia. Com isso, Vale ON encerrou o dia em queda de 1,01%, Usiminas PNA perdeu 1,22% e Gerdau PN recuou 0,81%.
Profissionais do mercado afirmam que a Bolsa brasileira tem potencial de continuar em tendência de alta, mas que os resultados dos próximos dias vão depender das sinalizações dadas pelo Banco Central na sua decisão de hoje. A autoridade monetária publica o comunicado do Copom de junho com a decisão sobre a taxa Selic a partir de 18h30.
Embora seja praticamente consensual no mercado a avaliação de que o comitê deverá manter os juros 13,75% ao ano, os analistas aguardam sinais sobre os próximos passos da política monetária. Alterações no tom do comunicado - por exemplo, com a exclusão da afirmação de que o comitê "não hesitará" em retomar o ciclo de aperto, se necessário - podem validar as apostas de corte dos juros em agosto e permitir continuidade do rali.
"A manutenção dos juros está dada, e o mercado quer ver qual é o teor do comunicado", diz Moliterno, da Veedha. "O Ibovespa está numa boa tendência de alta e pode subir muito mais quando os juros começarem efetivamente a ser cortados, mas o fato de ter uma clareza maior de que os juros serão reduzidos à frente já pode fazer o mercado manter uma performance positiva."
O índice teve variações moderadas na etapa da manhã, quando chegou a operar com viés de queda e atingiu a mínima de 119 332,0 pontos (-0,24%). À tarde, firmou-se em alta e chegou a atingir a máxima de 120.518,52 pontos (+0,75%), distante menos de 100 pontos do nível do fechamento. O pregão movimentou R$ 27,9 bilhões.
Na ponta positiva do Ibovespa, as maiores altas foram registradas por Natura ON (+7,53%), Prio (+6,94%), IRB Brasil ON (+5,78%) e Yduqs ON (+4,57%), além de Petrobras PN, na quinta colocação. Em contrapartida, as maiores perdas foram vistas nos papéis de Embraer ON (-7,42%), CVC ON (-5,25%), Pão de Açúcar ON (-2,75%), JBS ON (-2,33%) e Dexco ON (-2,53%).
Dólar
O dólar à vista encerrou a sessão desta quarta-feira, 21, em queda de 0,59%, cotado a R$ 4,7678, com mínima a R$ 4,7628 ao longo da tarde, em meio a máximas do Ibovespa e ao aprofundamento das perdas da moeda americana no exterior. Operadores voltaram a relatar entrada de recursos estrangeiros para a bolsa doméstica diante de sinais de crescimento mais forte da economia brasileira neste ano. Espera-se que o Comitê de Política Monetária (Copom) anuncie hoje à noite manutenção da taxa Selic em 13,75%, mas abra a porta para o início de um ciclo de cortes a partir do segundo semestre.
Lá fora, o índice DXY - termômetro do comportamento da moda americana em relação seis divisas fortes - renovou mínimas à tarde e flertou com o rompimento do 102,000 pontos, com ganhos expressivos frente ao euro, na esteira de falas mais duras de dirigentes do Banco Central Europeu (BCE). O índice de preços ao consumidor (CPI) no Reino Unido subiu 8,7% em maio (leitura anual), acima da previsão (8,4%). O dólar também caiu na comparação com a maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities, em dia de alta das cotações do petróleo. O contrato do tipo Brent para agosto subiu 1,61%, a US$ 77,12 o barril.
"O real se aprecia com essa tendência de dólar mais fraco no exterior. Ainda há dúvidas sobre os próximos passos do Fed, que parece aguardar mais dados para saber se volta a elevar os juros Por enquanto, o mercado continua com apetite por moedas emergentes", afirma o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo.
Pela manhã, em depoimento a comitê da Câmara dos Representantes do EUA, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, disse que "quase todos os dirigentes" do BC americano acreditam que "será apropriado elevar as taxas de juros um pouco mais até o fim do ano", uma vez que inflação segue bem acima da meta de 2%. À tarde, o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, defendeu uma pausa no aperto monetário, alertando que altas adicionais dos juros podem comprometer o desempenho da economia.
Monitoramento do CME Group mostra que as chances de alta dos FedFunds em 25 pontos-base em julho chegaram a atingir 80% hoje. A aposta majoritária é a de que a taxa básica esteja na faixa entre 5,25% e 5,50% no fim do ano, acima, portanto, do intervalo atual (entre 5,00% e 5,25%).
Segundo o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, o dólar perde força globalmente diante da perspectiva de enfraquecimento da economia americana com a manutenção dos juros em níveis elevados até o fim do ano, após o Fed provavelmente encerrar o ciclo de aperto com uma alta de 25 pontos-base em julho.
"O risco de uma alta mais forte dos juros nos EUA praticamente já não existe mais, porque a inflação parece que já atingiu seu pico. Isso diminui muito a chance de abertura da curva dos Treasuries, o que ajuda as divisas emergentes", diz Velho. "De outro lado, a perspectiva de juro alto por período prolongado prejudica a economia e enfraquece o dólar frente a outras moedas fortes".
O economista da JF Trust vê continuidade do fluxo de recursos para a B3 com investidores já se "antecipando" a uma redução da taxa Selic no segundo semestre, provavelmente em agosto. O apetite por ações locais deve manter a oferta de dólares nos mercado doméstico, abrindo espaço para nova rodada de apreciação do real.
"O cenário ainda é de queda do dólar. A dúvida é se ele pode romper os R$ 4,50. A aprovação do arcabouço no Senado já está precificada. A questão agora é a reforma tributária. Se tiver sinais de que não vai andar no Congresso, pode ter uma realização forte na bolsa e alta do dólar", afirma Velho.
Pela manhã, Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou o texto-base do projeto do novo arcabouço fiscal, com placar de 19 votos a favor e 6 contrários. Há possibilidade de que o projeto seja apreciado no plenário da Casa ainda hoje.
Juros
O compasso de espera pela decisão do Copom nesta noite resultou em movimentos laterais nos juros futuros de curto e médio prazos, mas a ponta longa se firmou em queda à tarde. Com a expectativa de manutenção da Selic em 13,75% para hoje consolidada há semanas, o foco da reunião é o comunicado, mais especificamente é esperada uma flexibilização na linguagem que sinalize para o início dos cortes da taxa básica no segundo semestre. O mercado esteve de olho também no ambiente internacional e na tramitação do arcabouço fiscal no Senado.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,03% (máxima), de 12,993% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 encerrou em 11,11%, de 11,07% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2027 terminou em 10,50%, de 10,53%, e a do DI para janeiro de 2029 em 10,80%, de 10,88%.
Na sequência da trajetória vista já nas últimas sessões, as taxas tiveram oscilações discretas até os vértices intermediários, mais sensíveis à expectativa para a política monetária, na medida em que o mercado vê como bem precificada a chance de que o colegiado suavize o tom. Há expectativa pela retirada ou modificação do trecho presente no comunicado de maio em que o comitê afirmava que "apesar de ser um cenário menos provável, não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado".
"O que temos hoje é um ajuste fino do mercado para o Copom, com o mercado precificando menos o exterior", afirma o economista Rafael Rondinelli, do Banco Modal. Ele lembra que desde a última reunião uma série de variáveis evoluiu para atender aos pré-requisitos para a abertura do ciclo de distensão monetária. Os índice de inflação ao consumidor e também no atacado recuaram e mostraram melhora em sua composição, as expectativas de inflação tanto no Boletim Focus quanto nas implícitas das NTN-B caíram para este e os próximos anos, recuaram ainda os preços de commodities e o câmbio se valorizou.
Por fim, o cenário fiscal está mais equilibrado com o avanço na tramitação do texto do arcabouço fiscal no Congresso. O texto passou pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), como esperado, e não se descarta que seja votado ainda hoje em plenário.
Neste dia do Copom, integrantes do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o chamado "conselhão", aproveitaram para reforçar o coro pela abertura do ciclo de cortes da Selic. Em carta aberta, pediram aos diretores o início da queda dos juros no País. "É hora de baixar os juros para retomar a atividade econômica, gerar emprego e renda. É urgente uma política monetária adequada", diz o documento.
Mas o economista-chefe da Blue3 Investimentos, Roberto Simioni, afirma que para esta reunião o consenso é de que não haja qualquer alteração na Selic, "uma vez que na semana que vem ocorrerá uma reunião muito mais estratégica, que é a do Conselho Monetário Nacional (CMN)". Na pauta, estará a definição da meta de inflação para 2026 e possibilidade de também se rever para cima as já fixadas para 2024 e 2025, além da possibilidade de ser discutida a proposta de alteração do atual modelo de ano-calendário para um modelo de meta constante no tempo.
Do exterior, os mercados adotaram postura defensiva pela manhã após dado de inflação acima do esperado no Reino Unido e da afirmação do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, na Câmara dos EUA que pode fazer sentido elevar mais os juros, apesar de indicar que o ritmo poderá ser mais moderado. À tarde, os yields dos Treasuries viraram para baixo, em meio a leilão de T-Bonds e declarações do presidente da distrital do Federal Reserve (Fed) em Atlanta, Raphael Bostic, o que aliviou as taxas locais nos contratos com vencimento de 2029 em diante. Bostic indicou apoio à manutenção dos juros no nível atual (entre 5,00% e 5,25%) pelo restante deste ano, em um esforço para evitar dano significativo à economia dos Estados Unidos.
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