Hezbollah

Alvo de operação disse à PF que recebeu proposta para fazer atentados no Brasil

Suspeitos brasileiros que estão no Líbano com ordem de prisão decretada no Brasil já constam na lista da Interpol
Por Redação 09/11/2023 - 20:30
Atualização: 09/11/2023 - 20:30
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Agência Brasil
Polícia Federal
Polícia Federal

Um dos brasileiros alvo da operação de busca e apreensão contra terrorismo da Polícia Federal (PF) na quarta-feira, 8, confessou em depoimento que estava sendo recrutado pelo Hezbollah. Ele disse que viajou ao Líbano e que, lá, recebeu proposta para fazer atentados no Brasil.

Segundo o depoimento, ele foi recebido em Beirute por uma pessoa que seria do Hezbollah, que disse que “procurava pessoas com disposição para matar e sequestrar”. A PF agora colhe mais indícios sobre este suspeito para decidir sobre pedido de prisão dele à Justiça.

Um segundo brasileiro, que foi preso na operação da PF, disse em depoimento que foi ao Líbano negociar ouro e agrotóxico. Investigadores, no entanto, dizem ter indícios de ele possui conexão com integrantes do Hezbollah, e, portanto, não acreditam na versão apresentada no interrogatório. O terceiro brasileiro que também foi preso ficou calado no interrogatório.

Durante a operação, policiais federais prenderam duas pessoas em caráter temporário e cumpriram a 12 mandados de busca e apreensão em endereços residenciais e comerciais associados aos investigados. Os mandados foram cumpridos em Minas Gerais, São Paulo e no Distrito Federal.

Segundo a PF, os alvos da investigação são suspeitos de “integrar organizações terroristas e de realizar atos preparatórios de terrorismo”. Já de acordo com a Justiça Federal em Minas Gerais, que expediu os mandados judiciais, as investigações da própria PF concluíram que a organização em questão seria o grupo islâmico Hezbollah.

Criado em 1982, durante a Guerra Civil Libanesa, o Hezbollah buscava expulsar as tropas israelenses e de outros países do território libanês. Com o passar dos anos, além de atuar militarmente, o grupo passou a disputar espaço político, participando de eleições gerais. Hoje, o grupo tem membros eleitos no Parlamento libanês e também chefiando ministérios. Apesar disso, vários países o classificam como uma organização terrorista, a exemplo dos Estados Unidos, Reino Unido entre outros.

Cooperação

Enquanto investigava as suspeitas, a PF recebeu informações de órgãos de inteligência de outros países, como o Federal Bureau of Investigation (FBI), dos Estados Unidos, e o Mossad, de Israel, mas, segundo o ministro Flávio Dino, o inquérito policial que resultou na Operação Trapiche é anterior a isso.

“As investigações já existiam antes de as informações oriundas de outros países [chegarem]. O inquérito policial antecede qualquer guerra, qualquer conflito. O que é a prova de que a investigação nada tem que ver com esta tentativa de politização, errada e ameaçadora à soberania [brasileira]”, declarou Dino, referindo-se a uma nota que o gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, divulgou nesta quarta-feira.

Na nota, além de afirmar que o Mossad colaborou para frustrar um ataque terrorista no Brasil, o primeiro-ministro sustenta que o Hezbollah planejava realizar ataques contra alvos israelenses, judeus e ocidentais, valendo-se da guerra entre Israel e o grupo islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza.

Segundo a PF, ainda não há é possível fazer conclusões sobre as investigações no âmbito da operação. "A Polícia Federal ressalta que o inquérito apura fatos de forma imparcial e isenta, buscando a verdade real, sempre seguindo a legislação brasileira e os acordos internacionais dos quais o Brasil é signatário. Cabe exclusivamente às instituições brasileiras definir os encaminhamentos e conclusões sobre fatos investigados em território nacional. Não se pode antecipar conclusões sobre os resultados da investigação, que segue seu rito de acordo com a lei brasileira", destaca a nota.


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