SURTOS DE VIOLÊNCIA
Estado de emergência na Etiópia vai durar 6 meses
O estado de emergência decretado na Etiópia um dia após o primeiro-ministro renunciar ao cargo vai durar seis meses, disse o ministro da Defesa neste sábado, enquanto autoridades tentam acalmar a situação na segunda nação mais populosa da África.
Surtos de violência prosseguem em algumas regiões do país e o governo está proibindo manifestações e a divulgação de publicações “que podem incitar e semear a discórdia”, disse o ministro Siraj Fegessa a jornalistas.
O governo já tomou várias medidas para reduzir a violência, mas vidas continuam sendo perdidas. Muitas pessoas foram desalojadas e a infraestrutura econômica foi danificada.
Novas medidas serão anunciadas até o fim do dia, disse ele.
O primeiro-ministro Hailemariam Desalegn anunciou sua saída surpresa em discurso televisionado na quinta-feira, na primeira vez na história etíope moderna que um primeiro-ministro renuncia. Ele argumentou que queria abrir caminho para reformas.
O governo decretou estado de emergência em seguida. O Parlamento -com a coalizão governamental controlando todos os 547 assentos - deve ratificá-lo em duas semanas.
A Etiópia é a maior e mais crescente economia do leste africano e aliada do Ocidente contra a militantes islâmicos. Mas grupos de direitos humanos já criticaram muitas vezes o governo por pressionar opositores políticos e a imprensa.
Desde janeiro, a Etiópia já libertou mais de 6 mil prisioneiros acusados de participar de protestos em massa e, em alguns casos, de ofensas contra o Estado. Também fechou uma penitenciária onde, diziam ativistas, ocorria tortura.
Muitos dos prisioneiros participaram de protestos anti-governo em 2015 e 2016 nas duas províncias mais populosas do país, cujas etnias Oromo e Amharic se queixam de sub-representação na política etíope.
As manifestações começaram contra um plano do governo de expandir a capital Adis Abeba, mas se transformou em atos por mais direitos civis.
O governo anteriormente implantou estado de emergência em outubro de 2016, que vigorou até agosto de 2017. Nesse período, os toques de recolher foram frequentes, havia restrições ao direito de ir e vir e cerca de 29 mil pessoas foram detidas.