vaquinha
Sites surgem como alternativa para financiamento de campanhas
Os crowdfundings, sites de arrecadação coletiva de dinheiro, devem ganhar um novo mercado no Brasil este ano, com a necessidade de novas fontes de recursos para os candidatos às eleições de outubro, após a proibição de doações empresariais.
A eleição de 2018 será a primeira para presidente, governadores e o Congresso que não contará com o financiamento empresarial, depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) decretou a prática inconstitucional em 2015.
Sites nacionais de arrecadação coletiva foram autorizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em dezembro a promoverem campanhas que patrocinam candidatos e já ensaiam os primeiros passos para ampliarem sua atuação no meio, apesar de a prática de doação por pessoas físicas não ser comum no país.
A plataforma de financiamento coletivo Kickante, que realizou 72 mil campanhas de arrecadação de 2013 até agosto de 2017, movimentando um total de 57 milhões de reais, prepara-se para fornecer ferramentas digitais para implantação de campanhas de doação em sites de terceiros.
“O político ou partido terá seu próprio site com a tecnologia da Kickante por trás. O link que será acessado, os emails enviados e as imagens apresentadas estarão no nome do político, o doador sequer verá o nome Kickante na página”, disse a presidente-executiva da plataforma, Candice Pascoal.
“O principal objetivo é fazer que o processo seja muito simples para candidatos e doadores, e que siga a lei à risca”, acrescentou, afirmando que já há interessados.
Entre as medidas adotadas pela plataforma para garantir a transparência está o reforço das normas da Justiça Eleitoral para os doadores e a verificação de dados como CPF junto à Receita Federal “para evitar fraudes”, disse a executiva.
Pelas regras do TSE, os sites de crowdfunding, que no Brasil ajudam na arrecadação de patrocínio para projetos como produção de documentários, livros e realização de eventos, terão obrigação de revelarem ao público a identidade de todos os doadores. Em projetos não relacionados às eleições essas regras não se aplicam.
As doações por meio da ferramenta somente poderão começar a acontecer a partir de 15 de maio, três meses antes do início oficial da campanha eleitoral.
O site de crowdfunding Vakinha, fundado em 2009, já está se preparando para realizar as mudanças, algo que inclui também um site exclusivo para as eleições, o vakinha2018.com.br.
“O nome (do doador) vai ter que estar disponível para acompanhamento de todos. Essa é a grande diferença dentro do que a gente entende que é o processo dentro do Vakinha e a arrecadação para campanha eleitoral. No Vakinha essa informação é privada”, disse o diretor e fundador do site, Fabricio Milesi, acrescentando que o site adotará medidas adicionais para prevenir fraudes.
O Vakinha prevê movimentação de 80 milhões de reais na plataforma para este ano, ante 40 milhões em 2017. No entanto, segundo Milesi, a estimativa não inclui as campanhas políticas, tratadas como um projeto paralelo pela companhia.