Conheça o Baixo, o novo puxadinho gastronômico da Vila Madalena
Tem cara, comida e chef. Tinha tudo para ser um restaurante, mas não é. O Baixo é um atestado da inquietude de um dos maiores cozinheiros da cidade. Aos 34 anos, Ivan Santinho poupa os comensais do papinho de que quando era pequeno, em Bauru, grudado na avó, aprendeu a cozinhar e sabia que era isso o que queria da vida.
A cozinha foi uma conjunção de fatores: talentos manuais revelados na escola Waldorf, apreço por gente e por festas, a descoberta do vinho, formação e trabalho na Itália. Aí, sim, o fogão virou uma evidência.
Por conta de um tumor de mais de 20 centímetros de comprimento, no entanto, Ivan teve de voltar - arrasado - a São Paulo. Afinal, aos 21 anos, acatar a voz da mãe cirurgiã não era uma questão de escolha. Em contrapartida, o jovem cozinheiro burlou os seis meses de repouso pós operação: "Descobri uma vaga no D.O.M. e garanti que trabalho de estagiário era bem leve".
Inverdades à parte, passou três anos no restaurante mais premiado do país, a maior parte do tempo ancorando os eventos de Alex Atala. Assumiu em paralelo a produção de grandes festivais gastronômicos e, há quatro anos, procedeu a um negócio com a sua cara: o La Cura.
A rotisseria predileta de chefs famosos como Rodrigo Oliveira, Paola Carosella, Tássia Magalhães, Elisa Fernandes e Antonio Maiolica, entre outros, é ainda o QG do serviço personalizado para jantares e festas de todo o tipo. Agora é também a fachada do Baixo - o puxadinho gastronômico mais charmoso de São Paulo.
Numa Vila Madalena ainda serena, o espaço solar, em tons de terra e verde, esconde-se escada abaixo de uma porta discreta de fazenda. Até há pouco tempo era um cortiço, hoje reúne fogão a lenha, móveis e objetos de garimpo, arranjos de flores feitos pelo próprio Ivan e um elevador. "Foi o maior investimento e não tem problema se não usarmos. Só acho um absurdo abrir um lugar de entretenimento e não garantir que qualquer pessoa consiga entrar", explica.
É esse olhar cuidadoso que se vê na transformação de um sofá de R$ 400 da feira do Bixiga em uma peça de design, de cadeiras antigas de barbearia em assentos confortáveis e, sobretudo, no preparo da comida.
Sem dia certinho para abrir, o Baixo até pode ter noites de clássicos do La Cura, como o vinagrete de polvo com chips coloridos de tubérculos, o cuscuz paulista com camarão gigante, o arroz de pato confitado e o pudim de pistache.
Mais que isso, terá sábados de uma das feijoadas mais perfeitas que se tem notícia. Há anos, o prato do aniversário e das grandes comemorações de Ivan, é hit de sua rotisseria e já fechou ruas em Santa Cecília quando foi apresentada no bar Bagaceira. "A partir do mês que vem, quero fazer feijoada todo sábado. Talvez não todo, mas quase todo", já avisa o chef.
Além dela, vão aparecer outras "comidonas". Vale rezar para ser uma paella de frutos do mar, feita do zero, sem pressa, que só será servida quando tudo tiver ponto de cocção preciso e sabores infalíveis.
"Mas também farei um churrasco bem diferente, posso abrir para um brunch ou fazer uma noite de receitas temáticas sem serviço, onde cada um anota na comanda o que consome e paga no final", adianta Ivan.
Em qualquer uma das ocasiões em que o Baixo estiver de portas abertas, haverá certezas como bons rótulos de vinho selecionados pelo sommelier Ricardo Santinho, seu irmão gêmeo; atenção a todos os detalhes e receitas com técnica e alma de sobra.
Baixo
Rua Ourânia, 201, Vila Madalena. Informações: (11) 94140-2824