Ibovespa encerra na máxima do dia, alta de 0,65%; dólar fecha praticamente estável, a R$ 5,1153

Por Agência Estado 29/04/2024 - 18:15

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O Ibovespa retomou a linha dos 127 mil pontos no início da tarde e a conservou até o fechamento, no maior nível desde o último dia 11, então bem perto de 127,4 mil. Hoje, saiu de abertura aos 126.526,73 pontos e oscilou a 126.466,58, na mínima da sessão, para encerrar o dia, na máxima, aos 127.351,79 pontos, em alta de 0,65%, vindo de ganho de 1,51% na sexta-feira. O giro financeiro, contudo, permaneceu restrito, a R$ 17,4 bilhões. No mês, faltando a terça-feira para o fechamento de abril, o Ibovespa ainda acumula perda de 0,59% e, no ano, cede 5,09%.

As ações da Petrobras, ambas na máxima da sessão no fechamento (ON +1,81%, PN +1,79%), ganharam fôlego na etapa vespertina e, junto com Vale (ON +1,85%), garantiram a alta do Ibovespa além da marca dos 127 mil pontos, em dia também positivo para parte dos grandes bancos, como Santander (Unit +2,48%) e Bradesco (ON +1,56%, PN +1,30%, nas respectivas máximas da sessão no fechamento) - exceção para Itaú (PN -0,78%) e BB (ON sem variação).

Na B3, destaque em especial para o desempenho da Vale, cujas ações reagiram à "proposta de acordo para encerrar completamente a questão da demanda judicial de Mariana", aponta Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.

Na avaliação do estrategista, o início de semana se mostrava "mais neutro" para a Bolsa, tendo em vista, especialmente, a possibilidade de volatilidade nos juros dos EUA na quarta-feira, dia 1º, quando o Federal Reserve volta a deliberar sobre a taxa de referência e a comunicar o pensamento da instituição sobre os dados econômicos e a orientação da política monetária na maior economia do mundo. Até lá, considerando também que não haverá negócios no mercado brasileiro no Dia do Trabalho, a tendência é de que os investidores evitem "assumir posições muito arriscadas ou se afastar da tendência externa", acrescenta Cruz.

Em Nova York, os ganhos nos principais índices de ações foram um pouco menores do que o registrado na B3 nesta segunda-feira, com Dow Jones em alta de 0,38%; S&P 500, de 0,32%; e Nasdaq, de 0,35%, no fechamento.

Na bolsa brasileira, "o dia de hoje foi de baixa volatilidade, com o Ibovespa sendo puxado por Vale e Petrobras, duas empresas 'pesadas' e em alta acima de 1% na sessão. O feriado de quarta-feira é quase global, mas há a decisão do Fed, que pode trazer volatilidade na retomada dos demais mercados na abertura da quinta-feira, o que suscita cautela num momento em que ainda se vê fluxo de saída de recursos estrangeiros da B3", diz Yan Vasconcellos, sócio da One Investimentos.

Na ponta ganhadora do Ibovespa nesta segunda-feira, destaque absoluto para Casas Bahia (+34,19%). Bradesco BBI, XP e Genial avaliaram o pedido de recuperação extrajudicial como positivo para a reestruturação da varejista, em especial por endereçar os problemas relacionados ao alto custo de dívida da companhia. Também no lado positivo da carteira teórica nesta abertura de semana apareceram nomes associados ao ciclo doméstico, como Pão de Açúcar (+9,06%) e Hypera (+5,36%). No campo oposto, Petz (-3,98%), 3R Petroleum (-2,43%) e Braskem (-1,89%).

Dólar

O dólar abriu a semana praticamente estável no mercado doméstico de câmbio, apesar das perdas firmes da moeda americana no exterior. Com a agenda esvaziada e à espera da decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) na quarta-feira, quando o mercado local estará fechado em razão de feriado do Dia do Trabalho, investidores adotaram uma postura cautelosa.

Com oscilação de menos dois centavos de real entre a mínima (R$ 5,1029) e a máxima (R$ 5,1205), o dólar à vista fechou cotado a R$ 5,1153 (-0,02%). Operadores afirmam que o pregão foi de acomodação e ajustes finos de posições, após a moeda ter recuado 1,60% na semana passada. No mês, a divisa ainda acumula ganhos de 1,99%.

Apesar das oscilações reduzidas, houve bom volume no segmento futuro para uma segunda-feira, com o contrato de dólar futuro para maio girando mais de US$ 14 bilhões. Desde o fim da semana passada, investidores já se movimentavam para a rolagem de contratos na virada do mês, posicionando-se para a disputa, amanhã, da formação da última taxa ptax de abril.

Termômetro do comportamento da moeda americana em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY recuava 0,30% no fim da tarde, aos 105,683 pontos, graças ao avanço de mais de 1% do iene. A divisa japonesa se recupera das mínimas em mais de três décadas, em meio a especulações de intervenção do governo no câmbio.
Depois de liderar os ganhos entre divisas emergentes frente ao dólar na semana passada, hoje o real exibiu o pior desempenho no grupo das moedas latino-americanas. Peso chileno e colombiano apresentaram alta de mais de 0,90%.

"Foi um dia bem parado, sem nenhuma notícia que movimentasse o câmbio. O sentimento é de cautela com a espera pelo comunicado do Fed, que cai bem no feriado aqui", afirma a economista Cristiane Quartaroli, Ouribank, acrescentando que, na sexta-feira, 3, sai o relatório oficial de emprego nos EUA em março, o payroll.

É dado como certo que o Banco Central americano vai anunciar a manutenção da taxa básica na faixa entre 5,25% e 5,50%. As atenções se voltam ao comunicado da decisão e, sobretudo, à entrevista coletiva do presidente do Fed, Jerome Powell. Por ora, a maioria do mercado ainda trabalha com início de cortes de juros neste ano, com as apostas dividindo-se, grosso modo, entre uma redução do total de 25 pontos-base ou 50 pontos.

O gerente de Tesouraria do BS2, Felipe Ueda, lembra que houve uma redução relevante do estresse no mercado cambial na semana passada. A leitura do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) nos EUA em março veio dentro da expectativas, abrindo espaço para queda dos Treasuries e recuperação das divisas emergentes.

"Eu acho que ainda há espaço para o dólar ceder um pouco, embora deva se manter acima de R$ 5,00. Mas tudo vai depender do discurso do Powell. O mercado ainda espera corte de juros, mas não se sabe se vai vir em setembro ou mais para frente", afirma Ueda.

Embora o ambiente externo continue ter papel preponderante na formação da taxa de câmbio, analistas ressaltam que a preocupação com o quadro fiscal segue como pano de fundo desfavorável ao real. Na semana passada, houve certo alívio com sinais do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de que a PEC do Quinquênio - um dos projetos da chamada "pauta-bomba - não deve avançar na Casa. Mas tensão entre o Planalto e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), aumentou após o governo obter no Supremo Tribunal Federal (STF) decisão favorável ao fim da desoneração da folha de pagamentos.

Pela manhã, foi divulgado que o Governo Central - que reúne as contas do Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central - apresentou déficit primário de R$ 1,527 bilhão em março. A mediana de Projeções Broadcast era de superávit R$ 1,4 bilhão.No acumulado do ano até março, o Governo Central registrou superávit de R$ 19,431 bilhões, o pior resultado desde 2020.

Juros

Os juros futuros fecharam a segunda-feira em leve queda. Antes da decisão do Federal Reserve na quarta-feira, (1º), o recuo do dólar e dos rendimentos dos Treasuries deram segurança para uma moderada exposição ao risco na curva local, mesmo com a agenda doméstica negativa hoje para o cenário de inflação e fiscal.

No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 10,160%, de 10,190% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2026 era de 10,39%, de 10,44%. O DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 10,76% (10,80% no ajuste anterior) e o DI para janeiro de 2029, taxa de 11,30%, de 11,34%.

As taxas até o trecho intermediário já vinham de duas sessões seguidas de baixa, mas ainda assim a avaliação dos profissionais da renda fixa é de que há gordura na curva, o que justifica o fechamento da curva nesta segunda-feira. O câmbio esteve mais bem comportado, com o dólar oscilando perto dos R$ 5,10, para fechar em R$ 5,1153 no segmento à vista.

Nos Treasuries, a taxa da T-note de 10 anos cedia a 4,60% no horário acima. No meio da tarde, chegou a diminuir o ritmo de queda depois que o Tesouro divulgou o relatório de refinanciamento trimestral, que informou sobre a necessidade de tomar US$ 243 bilhões em empréstimo no segundo trimestre, um avanço de US$ 41 bilhões em relação ao que havia sido divulgado em janeiro.

"Os juros futuros caíram ligeiramente, estendendo o movimento de sexta-feira devido ao IPCA-15 benigno, diante da queda dos yields dos Treasuries e do enfraquecimento do dólar, mas no aguardo pela reunião de quarta-feira do Fomc", resumiu Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos. O mercado local só poderá se ajustar ao Fed no dia seguinte, uma vez que a B3 estará fechada na quarta-feira, feriado do Dia do Trabalhador.

Para o estrategista de renda fixa da BGC Liquidez Daniel Leal, os DIs podem não conseguir esticar o alívio nos prêmios até amanhã, justamente pela expectativa de aumento da cautela na véspera da reunião do Fed. "Pode haver uma pressão de alta no dólar e no DI, com o mercado comprando proteção. A tendência é o investidor amanhã ficar mais tomado na curva", prevê.

Com o foco voltado hoje ao exterior, os indicadores por aqui ficaram em segundo plano. As contas do Governo Central registraram déficit primário em março, de R$ 1,527 bilhão, muito abaixo do déficit de R$ 58,444 bilhões em fevereiro, mas pior do que a expectativa do mercado, que apontava um superávit de R$ 1,4 bilhão.

Na busca por receitas, o governo conta com a reformulação do Perse, cujo projeto de lei deve ser votado ainda esta semana no Senado. Outro foco é a reoneração da folha de pagamentos, depois que o Senado apresentou um recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão do ministro Cristiano Zanin de suspender trechos da lei que prorrogou a desoneração da folha.

Pelo lado da inflação, o IGP-M de abril surpreendeu, com alta de 0,31%, bem acima da taxa de 0,12% apontada pela mediana das estimativas, após queda de 0,47% em março. Para o economista da LCA Consultores, Fábio Romão, o resultado não altera a perspectiva de queda de 0,50 ponto da Selic em maio, mas deve reforçar uma postura mais vigilante por parte do Banco Central em junho, endossando a possibilidade de uma redução do ritmo para 0,25 ponto.


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