Brandão: Junho teve alta de exportação a principais parceiros, mas para Argentina caiu 50,8%

Por Agência Estado 04/07/2024 - 17:00

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O diretor de Planejamento e Inteligência Comercial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Herlon Brandão, afirmou nesta quinta-feira, 4, que, em junho, o Brasil registrou uma alta - mesmo que pequena - na exportação para todos os principais parceiros comerciais, mas destacou uma queda brusca nas vendas para a Argentina, de 50,8%. Para a China, a alta foi de 4,7%, União Europeia, em 3%, e para os Estados Unidos, um crescimento na exportação de 2,5%.

"É basicamente porque a demanda da Argentina caiu, reflexo do PIB, e isso diminui poder de compra da população", destacou Brandão. De acordo com o Mdic, no acumulado do ano, entre os principais produtos que ajudaram as vendas para a Argentina reduzirem o ritmo em 2024 estão a soja, energia e veículos elétricos.

Já entre os destaques positivos de exportação geral no mês de junho está o petróleo, que vem apresentando boa performance no ano até agora. No mês, a alta na receita obtida com as vendas de óleos brutos de petróleo foi de 32,6%, puxada por um crescimento de 31,6% no volume vendido, e de 0,8% nos preços. Com óleos combustíveis, as exportações avançaram 73,1%.

Outro destaque foi a exportação de café não torrado, que cresceu 50,6% no último mês, e a celulose, cuja receita com as vendas teve alta de 57,8% em junho.

Série histórica

Brandão disse que o valor de exportações registrado no primeiro semestre de 2024 foi recorde. As receitas fecharam em US$ 167,6 bilhões nos seis primeiros meses, contra US$ 165,2 bilhões do primeiro semestre de 2023, quando o saldo da balança comercial foi recorde. Mesmo assim, a pasta não espera que o superávit de 2024 seja maior que o do ano passado, uma vez que as importações estão crescendo neste ano.

Como mostrou mais cedo o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), o Mdic ajustou suas projeções para o ano. Agora, a expectativa é de que, em 2024, o saldo positivo das contas feche em US$ 79,2 bilhões, ante US$ 73,5 bilhões da previsão feita em abril. No ano passado, a balança teve superávit recorde, de US$ 98,9 bilhões. A nova projeção representa uma queda de 19,9% em comparação ao saldo de 2023.

Segundo a projeção mais recente, a pasta espera que as exportações somem US$ 345,4 bilhões neste ano - aumento de 1,7% em relação a 2023. A projeção de abril era de exportações de US$ 332,6 bilhões - número menor que o do ano passado, quando as vendas somaram US$ 339,7 bilhões.

"Se confirmar nova projeção de exportação, teremos recorde de vendas novamente em 2024", destacou Brandão, lembrando ainda que o saldo projetado, se realizado, será o segundo maior da história.

O técnico explicou que a exportação de alguns produtos surpreenderam no primeiro semestre, entre as quais o petróleo, com avanço de 31,2% puxado pelo aumento do volume de vendas, de 30,6%. Também tiveram performance positiva nas vendas o minério de ferro (12,2%), os açúcares e melaços (62,7%), a celulose (19,5%) e a carne bovina que, apesar de os preços terem caído 8,4% no primeiro semestre, foi beneficiada pelo aumento do volume exportado (29,1%).

No caso das importações, os bens de capital têm apresentado "aumento consistente" no semestre, com avanço de 14,2% nas compras. Já a importação de bens de consumo disparou 31,4% nos seis primeiros meses do ano, representando 16,1% de tudo o que o Brasil comprou no semestre - no mesmo período do ano passado, essa participação era de 12,8%.

Automóveis

O diretor de Planejamento e Inteligência Comercial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) destacou a forte alta no valor de veículos importados no mês de junho, que cresceu 432% ante o mesmo período do ano passado, puxado exclusivamente pelo volume comprado (473%), já que os preços tiveram uma redução de 7,1%. Esse valor ajudou a importação de bens de consumo a apresentar um forte crescimento em junho, de 71,5%.

"Como teve o anúncio de aumento da taxação (em veículos elétricos importados) é esperado que importadores antecipem operações. Tem isso e a demanda, foi o que provavelmente provocou esse crescimento", disse Brandão.

O Broadcast mostrou mais cedo que, após pedir ao governo o retorno imediato da alíquota máxima do imposto de importação sobre carros híbridos e elétricos, a direção da Anfavea, entidade que representa as montadoras, apontou o risco de fechamento de fábricas já no segundo semestre se o Brasil não elevar a barreira contra o avanço, descrito como desenfreado, das importações.

Ao fazer uma comparação com o imposto de importação em outros grandes mercados do mundo, incluindo Canadá e Estados Unidos, onde as alíquotas passam de 100%, e a União Europeia, onde variam de 27% a 48%, o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, salientou que o Brasil é o único que hoje cobra 18% na entrada de carros elétricos. Mesmo quando o imposto de importação subir para 35%, projetou, a alíquota no Brasil continuará sendo menor do que a cobrada em outros países.


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